"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Ao vivo #50
















Times New Viking + Lee Ranaldo / Rafael Toral @ Galeria Zé dos Bois, 21/04/2010

Provenientes de Dayton, no Ohio, cidade que pariu os incontornáveis Guided by Voices, os Times New Viking são muitas vezes apontados como os patronos do novo lo-fi ruidoso - vulgo shitgaze - que se produz nos Estados Unidos. Em palco, o trio faz por se libertar de tal espartilho, deixando desprender-se o tempero pop inerente aos seus esboços de canção. Efectivamente, aquilo que a sala apinhada da ZdB presenciou ontem à noite foi uma banda na boa tradição indie-pop que não enjeita alguma sujidade do garage e um ou outro delírio surf-pop. Das micro-canções debitadas em cadência vertiginosa sobressai um pendor melódico que, nos discos, está disfarçado pelas camadas de ruído. Esta faceta fica a dever-se, em grande medida, à prestação do guitarrista Jared Phillips que, qual  Joey Santiago rejuvenescido, vai aguentando os assaltos dissonantes debitados pelo teclado da Lolita Beth Murphy. A carinha laroca, misto de inocência e perversão, por seu turno, é a arrivista geradora de todo o entusiasmo da plateia que resiste estoicamente à alta temperatura da sala.

Com falta de coragem para desafiar a mole humana que sobrelotava a ZdB, e adivinhando as precárias condições de climatização do "aquário", optei por "assistir" ao concerto de Lee Ranaldo e Rafael Toral do lado de fora deste (do "aquário", entenda-se). A mesma medida sensata foi tomada pela restante família Sonic Youth (Coco Gordon Moore incluída), aqui deslocada para assistir à prestação dos dois mestres da distorção. Sem a mais que provável envolvência do in loco, disfrutei de uma longa peça de drone contínuo e em progressão, primeiro com ruídos esparsos, perto do final em esplendor sónico.

2 comentários:

O Puto disse...

Essa do shitgaze é nova para mim. Vislumbrar a (não) dita não é algo que me agrade.

M.A. disse...

Este rótulo é delicioso, não é? :)
Já é usado há algum tempo por algumas publicações quando se referem a estes miúdos norte-americanos ruidosos, distorcidos, e carregados de angst juvenil (Wavves, No Age, TNV, Psychedelic Horseshit, e muitos outros).

Abraço!