THE DELGADOS
The Great Eastern
[Chemikal Underground, 2000]
Apesar de não terem obtido o reconhecimento imediato (e o culto) dos conterrâneos e contemporâneos Mogwai, os The Delgados (o nome é inspirado no ciclista espanhol Pedro Delgado) acabaram por ter um papel central no cenário independente escocês da década de 1990. É propriedade deste extinto quarteto a editora (e os estúdios) Chemikal Underground, responsável pelo lançamento de discos dos próprios, mas também dos citados Mogwai, dos Bis, dos Arab Strap, e dos Aerogramme, todas bandas responsáveis pelo ressurgimento indie da Escócia, uma década depois das glórias twee-pop.
Depois de um par de discos relativamente interessantes, mas ainda em busca de uma identidade, para o terceiro álbum, a banda de Glasgow requisitou os serviços de Dave Fridmann, vindo de definir os parâmetros do novo psicadelismo com os já clássicos Deserter's Songs (Mercury Rev) e The Soft Bulletin (The Flaming Lips). Sob a batuta do credenciado produtor americano, os The Delgados refinam uma fórmula de pop sinfónica adornada por arranjos sumptuosos mas, ainda assim, perfeitamente contida e profundamente sincera. No conjunto, dominam a melancolia e as paisagens bucólicas. Como forma de escape aos paradigmas da pop de cariz pastoral, muitas vezes causadores de alguma sonolência, a banda recorre amiúde a picos de tensão sónica que tanto podem advir de arranjos de cordas saturados ("American Trilogy"), como de descargas de distorção ("Thirteen Gliding Principles"). Neste último, os créditos vocais repartem-se por Emma Pollock e Alun Woodward, num despique que realça as diferenças abissais entre as duas vozes. Ela mais cristalina, ele mais áspero, vão-se alternado nos restantes temas, criando uma dinâmica de contrastes que fazem de The Great Eastern um disco de digestão lenta mas de proveito duradouro.
1 comentário:
Um grande disco de pop.
Abraço
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