"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

terça-feira, 2 de junho de 2009

Ao vivo #37

Antes do relato da aventura catalã, breves considerações sobre um dos poucos motivos de alegria no regresso...















Wilco @ Coliseu dos Recreios - Lisboa, 31/05/2009

Sem banda de aquecimento e quase pontualmente, os Wilco subiram ao palco de Coliseu perante um público que, em número, dificilmente atingiria 1/6 da capacidade do local. Pela frente, os escassos felizardos tinham pouco mais de duas horas da melhor música que se produz na América actual. Começou morna a noite, com o público ordeiramente sentado, mas terminou em delírio após a debandada geral para a frente do palco. Para gáudio da maioria, o superlativo Yankee Hotel Foxtrot foi percorrido quase na íntegra.
O que surpreende no sexteto de Chicago, e o torna tão especial, é a capacidade com que, a partir da tradição, constroem canções prenhes de emoção e experimentação. Neste particular, honra seja feita ao inesgotável talento de Jeff Tweedy, compositor muitas vezes torturado que, nesta ocasião em particular, surgiu em modo irónico respondendo às solicitações de um público que encara cada concerto como uma sessão de discos-pedidos. Outro pormenor que convém destacar é o virtuosismo dos músicos - em particular do guitarrista Nels Cline e do baterista Glenn Kotche -, usado não como manobra de exibicionismo, mas antes como meio de enriquecimento dos temas, simultaneamente complexos e cativantes.

NOTA: Não fosse o aspecto desolador da sala um ponto negativo da noite - memorável, repita-se - diria ser castigo merecido para uma promotora que, para ser simpático, apelaria de usurpadora.

3 comentários:

Lídia Gomes disse...

É uma pena realmente. Até porque com preços convidativos certamente a sala estaria cheia. Também passaram pela capital espanhola mas não fui porque 75 euros é dinheiro. Mas ao contrário de Lisboa - e mesmo com preços proibitivos - por cá os bilhetes voaram. E saber que tocaram quase todo o YHF faz-me roer de inveja.

strange quark disse...

Um grande concerto sem dúvida! Uma banda destas não merece o tratamento que teve, mas apesar disso foram de um profissionalismo exemplar, que é algo que falta com frequência nestes domínios. Na minha crónica não referi explicitamente o baterista, mas de facto o tipo teve a capacidade de sustentar aqueles temas sem se sobrepôr a nada, com uma elegância de se lhe tirar o chapeu.

Espero que as actuações em Portugal com pouco público, e não creio que o preço dos bilhetes seja justificação para o ocorrido, não levem os Wilco a evitar cá pôr os pés...

Venha lá a resenha de Barcelona...

um abraço

hg disse...

Tenho um problema. Pelas bandas que eu gosto de ouvir, eu deveria adorar os Wilco. No entanto, não é isso que acontece. Um dos meus melhores amigos há anos que me chateia a cabeça com os Wilco isto e aquilo. Tentei várias vezes, vários discos deles... e nada. Uns dias antes do concerto, com vários amigos extasiados pela presença dos Wilco em Portugal, voltei à carga e até no You Tube andei a ver como aquilo era ao vivo. Uma vez mais... nada de nada acontecia tirando um ligeiro aborrecimento. Mas, no meu caso, foi realmente o preço dos bilhetes que me fez desistir de dar uma última oportunidade à banda: vê-la ao vivo, a cores e em 3d. Com preços mais normais teria ao menos tentado. Mas nos dias que correm até 45 euros dão que pensar. E assim talvez me tenha despedido dos Wilco sem nunca realmente ter conseguido criar uma relação com eles.
E agora estou em pulgas para ler os relatos primaveris.