"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

O futuro foi há vinte anos


















MY BLOODY VALENTINE
You Made Me Realise EP
[Creation, 1988]

Embora sejam hoje como um nome de referência mais ou menos consensual em todo o espectro da dita música alternativa, convém lembrar que, no período inicial da sua existência, os My Bloody Valentine (MBV) eram apenas uma banda perdida no imenso pelotão indie de meados de oitentas. Diversos musicólogos defendem a teoria de que o ponto de viragem se dá em 1987, com a inclusão da vocalista/guitarrista Bilinda Butcher. Longe de serem excepcionais, os primeiros registos gravados por esta nova formação (os EPs Strawberry Wine e Ecstasy, ambos de '87) apontam já algumas pistas daquilo que se tornaria uma imagem de marca: canções indutoras do sonho, de sentir pop, feitas a partir do domínio do ruído. À falta de maiores proventos, este par de discos siameses valeu aos MBV a atenção do "visionário" Alan McGee, que em breve os resgataria para a sua Creation Records.
Quis o destino que o primeiro disco na nova casa, lançado a 8 de Agosto de 1988, fosse um marco histórico, motivador de uma linha condutora dentro da própria editora, e gerador de uma legião de seguidores. O motivo principal da rendição absoluta da crítica, músicos, e algum público atento, aos MBV é o tema-título deste EP, manifestação inequívoca das potencialidades da música de guitarras. O primeiro impacto de "You Made Me Realise" no ouvinte só pode ser de estranheza: o início é dado pela bateria monolítica, entram as guitarras, furiosas e distorciadas, depois o dualidade masculino/feminino das vozes desencontradas. No segmento intermédio - a denominada holocaust section - a cacofonia parece tomar conta das operações. Porém, a sensação de descontrolo é apenas momentânea, já que tudo termina como começou. Ainda hoje atípico para quaisquer padrões, do Reino Unido vêm relatos de que "...Realise" é escolha frequente para expulsar os clientes inebriados na hora do fecho dos pubs.
Feitos de outra matéria, os restantes quatro temas indiciam aquela estranha forma de erotismo magistralmente desenvolvida em Isn't Anything, o álbum de estreia.

"You Made Me Realise"

2 comentários:

Shumway disse...

Na altura da sua edição "You Made Me Realise", foi absolutamente essencial para a minha educação musical. Era a altura em que ainda comprava EP's...


Abraço

eduardo disse...

mais um hino...