"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

terça-feira, 16 de março de 2010

Ao vivo #48













Yo La Tengo @ Aula Magna da U.L., 14/03/2010

Já por diversas ocasiões aqui me insurgi contra o elevado preço dos bilhetes dos concertos que vão acontecendo neste rectângulo da Europa ocidental. Os promotores (e os seus defensores, que normalmente assistem aos concertos de borla) justificam-se com a posição periférica do nosso país como principal factor de inflacionamento do cachet das bandas que nos visitam. Nós, melómanos minimamente inteligentes e esclarecidos, sabemos que as razões são outras que nem interessa enumerar. Por uma vez, tenho de admitir que € 23,00 é o preço justo a pagar pelo memorável concerto de domingo à noite, mesmo tendo por cenário a Aula Magna. Fossem outras as condições da sala (como as da Casa da Música no dia seguinte, por exemplo) e o poder mesmerizante de "More Stars Than There Are In Heaven", por si só, seria suficiente para duplicar o preço a pagar por tão grata experiência. 
Os Yo La Tengo são já velhas raposas nestas andanças e, em palco, mais do que nos discos raramente abaixo do muito-bom, fazem valer o profundo conhecimento (e o respeito) das heranças rock'n'roll. Com um quarto de século nas pernas, a máquina mostra-se bem oleada, independentemente do ecletismo estético assumido sem amarras: seja no experimentalismo puro de "And The Glitter Is Gone", no paradigma indie-pop açucarado de "Sugarcube", na perenidade pop de "You Can Have It All", na descarga eléctrica em desalinho de "Double Dare", ou no lounge para bar de hotel de "Periodically Double Or Triple". O segredo desta inesperada coerência feita de extremos estará, porventura, na delimitação bem definida dos papéis desempenhados por cada um dos membros do trio de Hoboken. Ira Kaplan é todo ele irreverência, tanto nos abundantes espasmos de distorção, como na excentricidade dos teclados. Como mestre de cerimónias, tem um sentido de humor seco e bem doseado, sem cair no exagero que causa a desconfiança. Já a esposa Georgia Hubley, com a batida certeira e a voz sonhadora, representa a contenção e a emoção. James McNew, o baixista que acompanha o destilar de doçura do casal vai para duas décadas, é uma espécie de confidente, que apazigua os conflitos e injecta sensatez. Na companhia destes três, e do seu jogo de contrastes, as mais de duas horas de concerto (duplo encore incluído) apenas pecam por escassas...

6 comentários:

strange quark disse...

Estive à espera até à última a ver se ainda podia ir ao concerto, confiante que a sala não iria esgotar, mas não tive mesmo oportunidade. Foi uma banda que descobri tarde, e da qual só tenho um disco comprado há já uns 5 ou 6 anos, mas que gosto bastante. Aliás, o que me cativou quando a ouvi pela primeira vez foi precisamente a veia experimentalista de algumas canções. Pode ser numa próxima oportunidade.

hg disse...

Que bom que teria sido este concerto no Coliseu.

Lídia Gomes disse...

A More Stars... na Casa da Música foi arrebatadora. À segunda música já eu estava a dever dinheiro aos tipos.

M.A. disse...

O Coliseu é melhorzito, mas também não é perfeito. Sortuda foi a Lídia :)

eduardo disse...

Foi a 5ª vez que os vi e já calculava que iria ser a menos impactante.

Sala com cadeiras e um volume para não ferir os ouvidos, para além de uma acústica pouco apropriada para concertos mais rockeiros, é assim a sala 1.

O set teve poucos momentos sónicos, apesar de ser grande admirador da banda em todas as suas vertentes, gostava que tivessem sido mais eléctricos.

Vale sempre a pena ver os YLT, mas saí da sala algo desconsolado...

O Puto disse...

A mim encheram-me as medidas. Nem dei conta do concerto ter durado mais de 2 horas.