"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Good cover versions #24















RED HOUSE PAINTERS "I Am A Rock" [4AD, 1993]
(Original: Simon & Garfunkel (1966)]

Apesar de gozarem de um culto desmedido no nosso país, os Red House Painters (RHP) nunca geraram paixões exacerbadas neste que vos escreve. No espectro do chamado slowcore, encontrei motivos de interesse noutras coordenadas. Da relativamente extensa obra que deixaram gravada, a minha predilecção recai sobre uma versão. Aliás, como saberão os mais atentos, as versões têm sido uma constante nos vários projectos com presença do líder Mark Kozelek. A interpretação de "I Am A Rock" pelos RHP é de facto uma canção tocante, daquelas que não deixam ninguém indiferente, com a voz de Kozelek a projectar-se para níveis estratosféricos. Por sinal, bem superior ao original (ou melhor, à versão definitiva, já que este tema foi alvo de uma gravação prévia assinada apenas por Paul Simon), uma singela e compostinha cançoneta electro-acústica naquela toada "seminarista" que é a marca d'água do trabalho conjunto de Paul Simon e Art Garfunkel.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Discos pe(r)didos #29


















WHIPPING BOY
Heartworm
[Columbia, 1995]

Por vezes há discos já quase esquecidos que se nos grudam aos tímpanos e teimam em não nos largar durante dias a fio. Heartworm, segundo álbum dos irlandeses Whipping Boy, e primeiro e único por uma multinacional, é o mais recente desses casos na vida deste que vos escreve. Confesso que, antes de lhe voltar a pegar, já me tinha esquecido da força que emana deste disco, um possível elo perdido entre os Joy Division e os Twilight Sad, só para terem uma ideia.
Heartworm são onze canções escorreitas, sem pontos fracos, daquelas em que as seis cordas sublinham a tensão nos refrões, e nas quais uns violinos discretos conferem o tal elemento da tradição celta. Porém, o principal trunfo reside na voz sóbria, calorosa e grave de Ferghal McKee. São dele também as letras carregadas de verve poética, relatos da vida mundana de uma Irlanda em pleno processo de aburguesamento. Por vezes é terno e romântico, para logo no momento seguinte descarregar amargura e sarcasmo.
A abrir, "Twinkle" é a declaração unilateral do fim de um amor. Em parte, "When We Were Young" é glorificação da juventude, com os primeiros amores, a ideia da imortalidade, as primeiras bebedeiras, os pequenos delitos; por outro lado é uma reflexão sobre as consequências que determinados actos menos correctos têm na vida futura de cada um de nós. "Tripped" é a afirmação da individualidade. Já em "The Honeymoon Is Over" o título é sobejamente esclarecedor, embora deixe escapar uma hipotética mensagem sócio-política. "We Don't Need Nobody Else" é grito de rejeição dos heróis terrenos, com especial dedicatória ao vocalista da mais famosa banda irlandesa. "Personality" é o elogio do sexo feminino. No encerramento, com "Morningrise" e a faixa escondida "A Natural", adensa-se a tensão: o primeiro é uma espécie de antevisão do balanço em fim de vida, enquanto o último, em tom puramente declamatório, é a tomada de consciência da doença por parte de um doente mental.
Recebido com grande entusiasmo pela crítica, Heartworm não lograria alcançar resultados comerciais visíveis do ponto de vista de uma multinacional, o que geraria algumas pressões por parte da editora. O sucessor surgiria apenas em 2000, já após a dissolução da banda, através de uma pequena independente.


"When We Were Young"

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

O real estado da nação americana


Duas novas bandas ianques a esgravatar no glorioso passado indie. Mais duas...











REAL ESTATE

São um quarteto de Nova Jérsia e, como tal, confessam a sua admiração pelo Boss, um ilustre cidadão da mesma cidade. Mas também por essa lenda neo-zelandesa denominada The Clean. Além disso, no lento arrastar das canções, ligeiramente psicadélicas, espalhadas por alguns discos de pequeno formato vislumbram-se heranças dos saudosos Galaxie 500. Encontram-se ligados à Woodsist, editora mui badalada por estes dias, que conta lançar o primeiro álbum nos primeiros meses do próximo ano.

http://www.myspace.com/letsrockthebeach












DUM DUM GIRLS

O nome, que remete de imediato para os Vaselines, é enganador, pois este é um projecto de uma única girl, uma californiana de Los Angeles. Ela gosta de ser chamada de Dee Dee, no que julgamos ser uma alusão aos Ramones. A coadjuvá-la tem elemntos dos Crocodiles, dos Blank Dogs, e dos fabulosos Crystal Stilts. Ao que parece, além das lendas citadas, a menina ouviu com muita atenção os discos das Ronettes, dos Shop Assistants e, claro está, desse segredo bem guardado do indie norte-americano que dá pelo nome de Black Tambourine. É uma das mais recentes contratações da Sub Pop, que prevê lançar o longa-duração de estreia durante a primeira metade de 2010.

http://www.myspace.com/dumdumgirls

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Em escuta #43







VIVA VOCE Rose City [Barsuk, 2009]
Com a adição de dois novos membros, os Viva Voce contam pela primeira vez em mais de dez anos de história com colaborações exteriores ao casal Kevin e Anita Robinson. Composto e produzido pelos próprios num curto período de tempo, Rose City reflecte simultaneamente urgência e espontaniedade, embora muitos dos temas ostentem claras preocupações melódicas. Equidistantes entre o flower power e o shoegazing, parecem ter perdido o poder lisérgico de outrora. [7]


GRIZZLY BEAR Veckatimest [Warp, 2009]
Se Yellow House (2006) era fechado sobre si, e em certa medida até opressivo, o novo disco expõe os Grizzly Bear à vastidão dos espaços abertos. Com arranjos sumptuosos, especial ênfase no detalhe, e queda para a harmonia, Veckatimest poderia ter sido criado pelos primos "campónios" dos Beach Boys da melhor safra. Em parte, estas belas melodias têm o mesmo poder de sedução dos Fleet Foxes, embora menos imediatas mas, potencialmente, mais perenes. [8,5]


DINOSAUR JR. Farm [Jagjaguwar, 2009]

Logo na abertura com "Pieces" somos confrontados com um riff monstruoso. Porém a melodia é suficientemente catchy. Estamos, portanto, em território dinossáurico. Ao longo de Farm, a formação original renovada desta mítica banda ostenta uma pujança e uma coesão capazes de fazer inveja a muita banda com menos vinte anos de vida. A confiança readquirida faz com que se aventurem por peças altamente estruturadas capazes de ir até ao sete/oito minutos de duração. Como sinal da cicatrização das feridas do passado (há até um tema intitulado "Friends"!), Lou Barlow contribui pela primeira vez com dois temas dentro de um só disco. A parelha funciona como contraponto groovy às composições mais "arrastadas" de J Mascis. [9]


SUNN O))) Monoliths & Dimensions [Southern Lord, 2009]

Metade dos quatro longos temas de Monoliths... nada acrescentam àquilo que já conhecíamos do projecto com liderança partilhada por Greg Anderson e Stephen O'Malley: longas divagações drone obtidas, cortesia das baixas afinações das guitarras, e mantras guturais quase imperceptíveis. Já a liturgia negra de "Big Church", tanto faz lembrar algumas das experiências do minimalista Steve Reich, como muitos dos clichés do black metal. Bem melhor é o instrumental e cinemático "Alice" que, ao integrar teclados, cordas, e sopros, poderá apontar algumas pistas para o futuro. [7,5]


caUSE co-MOTION! It's Time! - Singles & EPs 2005-08 [Slumberland, 2008]

Enquanto não chega o álbum de estreia, It's Time! é uma recomendada porta de entrada no universo deste quarteto nova-iorquino, mais um que escava fundo nas memórias do indie pop canónico. Ao todo, são catorze temas quase indistintos em pouco mais de vinte minutos. Têm a naïvitée dos Television Personalities, a doçura dos Pastels, e até a rudeza dos Wedding Present. Porém, de futuro, pede-se-lhes um pouco mais de variedade. [7]

domingo, 23 de agosto de 2009

De perder os sentidos












Depois de uma curta referência no post anterior, não podia passar em claro o lançamento planeado para breve de um novo registo dos No Age. Trata-se de um EP intitulado Losing Feeling com saída prevista para 6 de Outubro unicamente no formato 12". Nestes quatro temas, a dupla de L.A. dá um claro passo evolutivo, explorando as potencialidades do looping e do sampling para criar estruturas de pendor hipnótico. Não falta, contudo, a habitual tentação pelas guitarras distorcidas e rasgadinhas, de que é bom exemplo o derradeiro "You're A Target". Losing Feeling está já disponível para audição na íntegra a partir do sítio oficial da Sub Pop Records.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

O Verão do ódio
















Foto: Alex Kacha

Crocodiles é o nome do disco que deu a conhecer ao mundo a banda dos homens-coelho. E é também o nome de uma jovem dupla de californiana, mais uma que vem engrossar o pelotão de habitantes daquela zona do globo que combate o ennui típico da idade com gravações caseiras altamente recomendáveis. São de San Diego, são amigos dos No Age e, em declarações à Uncut, tratam de dissipar quaisquer dúvidas acerca dos seus intentos: "We feel no affinity to the bulshit fun-in-the-sun culture people think California is all about". Logo na entrada da drum machine no esclarecedor "I Wanna Kill" é impossível não pensar na banda dos manos Reid circa Automatic. Mas nem só de Mary Chain se compõem a dieta musical destes rapazes. Ao longo do debute sugestivamente intitulado Summer Of Hate, vislumbram-se referências avulsas a outras iminências do rock'n'roll mais inconformado, tais como Velvet Underground e Spacemen 3. E digo-vos ainda que, num mundo perfeito, "Soft Skull (In My Room)" era bem capaz de incendiar as pistas de dança de gosto mais refinado.

http://www.myspace.com/crocodilescrocodilescrocodiles

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Ao vivo #40















Foto: Álvaro C. Pereira / Blitz

Festival Paredes de Coura 2009, 29 Jul-01 Ago

Férias grandes dignas desse nome já não passam sem a habitual peregrinação a Paredes de Coura (PdC), pequena vila minhota onde anualmente tem lugar o único festival nacional em que a música é protagonista. Na corrente edição, e apesar de algumas cedências a modas passageiras, o cartaz faz-nos crer ter havido uma tomada de consciência por parte da organização do papel que PdC representa no universo festivaleiro portuga. Nas linhas que se seguem tecem-se breves considerações sobre o melhor, o pior, e o assim-assim deste PdC '09. No final, o top five dos concertos.

Dia 29

Para abrir em beleza o "dia de aquecimento" o colectivo coimbrão Sean Riley & The Slowriders prova que, em território nacional, não tem concorrência à altura no domínio das sonoridades americana (Raindogs?! Quem?!). Além disso, o vocalista tem uma pronúncia da língua inglesa que não envregonha.
Vindos dos states, os Strange Boys são quatro rapazolas filiados na actual fornada de bandas garage rock. Uma aproximação ao palco permite aferir da tenra idade do quarteto, mas também da destreza com que cruzam influências que vão dos históricos Royal Trux aos actuais Black Lips. Uma agradável surpresa.
Principal atracção do dia, Patrick Wolf é um daqueles músicos dirigidos a um nicho específico que, tradicionalemente, dá especial atenção aos cuidados postos na imagem. Com uma indumentária carnavalesca e tiques alegadamente provocadores, foi protagonista do primeiro número circense do festival. Tecnicamente, esperava algo mais do que uma mescla de ritmos dançáveis com sons de violinos que não andam longe de um qualquer sinal de chamada em espera. Pelo meio, e numa tentativa de exibir algum ecletismo, teve o "atrevimento" de interpretar um excerto de Kate Bush (de repente tornou-se a musa de meio mundo... ) e outro de "Gigantic", dos Pixies. Houve quem gostasse...
Para abanar os corpos resistentes, estava reservado o set da dupla Bons Rapazes, autores do programa com o mesmo nome na Antena 3. Ou melhor, estava reservado o DJset de remisturas a cargo de Miguel Quintão, já que Álvaro Costa se limitou a servir de mestre de cerimónias do radialista renega a música que recomendava há meia dúzia de anos, e que conta com uma vasta horda de seguidores/imitadores. E é assim, mesus amigos, que se arruína um estatuto construído pelos excelentes serviços prestados ao longo de décadas... Risível, surreal, e triste...

Dia 30

E esta, hein?! Uma banda australiana que não faz música de carrosel! Num primeiro instante, The Temper Trap surpreendem com a sua pop melódica e delicodoce com alguns laivos de soul, cortesia de um jovem vocalista claramente dotado. Mais à frente, descambam para um desinteressante aparentado dos Bloc Party. O futuro confirmará (ou não) alguns dos excelentes apontamentos deixados.
Coqueluche do meio indie no corrente ano, os Pains of Being Pure at Heart parecem acusar algum nervosismo num concerto algo desinspirado e, por isso, incapaz de causar chispa. Apesar de se apresentarem com uma formação alargada a quinteto, pareceram pequenos demais na imensidão do palco.
Se há dois meses, em Barcelona, os The Horrors denotavam ainda alguma verdura na transposição para palco desta nova faceta, PdC presenciou o à-vontade com que a banda executa os novos temas, claramente influenciados pelas tendências mais negras e atmosféricas da new wave. Num espectáculo denso e intenso, não faltaram algumas saudadas viagens a um passado recente, como o electrizante "Count In Fives".
Sem espalhafato, os Supergrass mostram o porquê de serem dos poucos sobreviventes da vaga britpop que, parecendo que não, surgiu há já 15 anos. Talvez por isso, pareceu-me haver algum desconhecimento dos temas por parte do público mais jovem. Sem pompa, mas com extrema competência, desfilam hinos como "Moving", "Grace", "Pumping On Your Stereo", "St. Petersburg", "Richard III", ou "Caught By The Fuzz", todos eles com lugar reservado no Grande Livro da Pop Britânica. Faltou "Alright", hit maior do qual, desconfio, Gaz Combes & C.ª tentam demarcar-se. Em compensação, os breves instantes de "Sunday Morning" tiveram tanto de inesperado como de mágico. No final, ficou a promessa de um regresso. Que seja para breve...
Estrelas da noite e, quiçá, de todo o festival, os Franz Ferdinand tinham, à partida, a imensa massa humana na mão. Sem surpresas, as reacções de euforia extremada surgiram desde o instante que pisaram o palco. Na primeira meia hora, há que admiti-lo, os escoceses foram demolidores. Foi precisamente neste período que deram especial destaque ao primeiro disco, sem qualquer risco de errar, a obra definitiva do quarteto. A partir daí, a mediania (para não dizer mediocridade) dos novos temas, os evidentes tiques de estrela, e a infindável sucessão de la-la-las, tornam penoso um concerto que se deveria ter ficado por uma duração mais de acordo com os parâmetros festivaleiros.
No palco secundário, a reciclagem do synth-pop descartável ficou a cargo dos Chew Lips, um trio em que pontifica uma menina de carinha laroca e tenra idade. Para o ano, outros ocuparão este lugar.
Em formato DJing, os Holy Ghost! encerram a noite dando continuidade à receita de sons sintetizados para os quais há cada vez menos paciência.

Dia 31

Admitamos que os Bauhaus tenham sido uma banda efectivamente relevante. Mesmo perante este cenário hipotético torna-se incompreensível o número de sósias de Peter Murphy que este pequeno rectângulo continua a gerar, e que tem no vocalista dos Mundo Cão um dos mais recentes exemplos. Levadas a sério, as letras pretensiosas e desprovidas de métrica, da autoria de Adolfo Luxúria Canibal levam-nos a crer que o rapaz (também é actor, dizem-me) é bem capaz de sucumbir a uma overdose de tesão a qualquer momento...
Uma guitarra, uma bateria, dois elementos apenas. Com um indie rock musculado os Blood Red Shoes mostram-se gigantes naquele palco enorme. O público, embora desconhecedor, parece ter gostado.
Há falta dos Mars Volta, a pompa prog foi assegurada pelos americanos Portugal The Man (que raio de nome!). Demasiado aborrecido para merecer quaisquer outras considerações.
Revelada como nome a seguir nas franjas do hip hop, Peaches não é hoje mais que uma figura cartoonesca que deverá ser vista como tal. Por conseguinte, o concerto não é mais que um circo camp de deboche gratuito no qual têm lugar todos os clichés do mau gosto. Para grande surpresa minha, é dela um hit com presença habitual nas pistas de dança da moda.
Embora seja hoje um rebelde no meio discográfico, editando música de forma independente pelos canais abertos pelas novas tecnologias, Trent Reznor tem plena consciência que o pedaço de história reservado aos Nine Inch Nails é assegurado por dois registos editados no período em que era um "servo" da indústria: Pretty Hate Machine (1989) e, sobretudo, The Downward Spiral (1994). Não surpreende então que estes dois discos mereçam especial destaque no concerto de PdC, onde o negro da indumentária de banda e público contrastam com o verde do meio envolvente. Extremamente competentes e profissionais, os NIN foram capazes de despertar em mim um sentimento de saudável saudosismo, ainda que não veja muito sentido num senhor que é hoje rico, sóbrio e feliz (e eu fico feliz por ele) a berrar tiradas do género "too fucked-up to care anymore". O final, ao som do esperado "Hurt", foi deveras tocante.
Logo em seguida, no palco secundário, o momento-Crystal-Castles do ano, com descargas electrónicas básicas e menina berradeira, fica assegurado por uns tais de Kap Bambino.
Do set de fim de noite a cargo dos Punks Jump Up pouco ou nada lembro, o que me leva a crer que não terá diferido sobremaneira dos antecessores. O que, como se sabe, de punk pouco ou nada tem...

Dia 1

Manel Cruz é o melhor letrista português da última década e meia, ponto. E é também um compositor multifacetado, capaz de recorrer a ferramentas pouco tradicionais, como é o caso nestes Foge Foge Bandido, projecto que se socorre de uma parafernália de instrumentos para construir canções de cariz intimista extremamente envolventes. Fica, porém, a sensação de que as canções seriam mais eficazes no recato de uma pequena sala.
Com o quantidade de boas bandas que há no país vizinho, e logo tínhamos de ser brindados com a presença destes The Right Ons (não falta ali um e?)... Quando forem grandes, estes rapazes hão-de ser os Rolling Stones, nem que, para isso, tenham de snifar as cinzas dos pais. Por ora, não passam de uma cópia pálida dos Black Crowes ou dos Spin Doctors, o que, no fundo, vai dar ao mesmo.
Com os Howling Bells é chegada a hora da elegância, tanto pela presença da belíssima Juanita Stein, como pela filigrana das melodias exemplarmente interpretadas. Com um alinhamento democraticamente repartido pelos dois álbuns de originais, parecem ter conquistado novos adeptos numa plateia maioritariamente desconhecedora da sua obra.
Na esperança vã de escutar algum tema da banda que o tornou célebre, é numerosa a plateia para assistir ao concerto de Jarvis Cocker, o que contrasta com a indiferença com que foram recebidos os dois discos editados a solo. Pouco intimidado com a responsabilidade, o ex-Pulp sabe ao que vem: canções maduras recheadas de conselhos aos mais incautos, intercaladas com momentos de puro improviso nonsense. É desta massa que se fazem os melhores performers!
Quando nos cruzamos pela terceira vez com os The Hives, é natural que algumas das piadas do vocalista comecem já a acusar algum desgaste. No que respeita à música, os suecos continuam a debitar uma descarga de rock'n'roll retrógrado, com muita energia e poucos neurónios.
Devido à proximidade geográfica, os portuenses Sizo contaram com uma vasta falange de apoio no palco secundário. Em certos momentos, poderiam ser a encarnação rockeira dos X-Wife, noutros têm o nervo dos Girls Against Boys. Porém, a placidez das canções não justificava os quase sessenta minutos de duração do concerto.
As honras de encerramento do PdC '09 couberam ao actor Nuno Lopes, aqui na sua faceta deejay. Iniciou o set com os previsíveis MGMT e prosseguiu com sonoridades similares. É nestas alturas que me vem à memória a expressão tantas vezes usada pelo meu professor de Inglês no secundário: "Sapateiro, não passes da chinela.".

O Top 5

  1. JARVIS COCKER
  2. SUPERGRASS
  3. THE HORRORS
  4. NINE INCH NAILS
  5. HOWLING BELLS