"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

terça-feira, 31 de julho de 2007

A NOITE



MICHELANGELO ANTONIONI

1912-2007



O dia de ontem ficará para sempre marcado como um dos mais mais negros da história da Sétima Arte. Para além do mestre Bergman, 30 de Julho de 2007 foi também o dia do desaparecimento de Antonioni, realizador desta que é uma das melhores mais arrojadas películas de sempre.

segunda-feira, 30 de julho de 2007

EM ESCUTA #17

SPOON
Ga Ga Ga Ga Ga (Merge, 2007)

Por vezes, o trajecto de algumas bandas consegue contrariar a lógica vigente da indústria discográfica. É este o caso dos texanos Spoon que, desde o derivado de Pixies da estreia com Telephono (1996) até este sexto registo agora editado, trilharam um caminho de crescente experimentalismo na sua obra, acompanhado por um culto e uma devoção por parte do público igualmente crescentes.
Uma audição desatenta de Ga Ga Ga Ga Ga poderá deixar o ouvinte com a impressão de estar na presença de uma versão contida da exuberância funk do anterior Gimme Fiction (2005). Porém, a insistência com uma atenção mais clínica revela-nos, não só o mais conseguido e completo disco dos Spoon, como também o mais desencantado e complexo.
Partindo dos referidos territórios funk, estendem agora o som a outras músicas negras, seja a soul patente em "You Got Yr. Cherry Bomb" e "Don't You Evah", seja o cheirinho dub de "Finer Feelings" e do devaneio "The Ghost Of You Lingers" (é do piano em staccato deste tema do outro mundo que, segundo Britt Daniel, provém o bizzaro título do disco). Há ainda lugar a sopros opulentos em "The Underdog" (produzido por John Brion), guitarra flamenco ("My Little Japanese Cigarette Case"), e a quase-balada "Black Like Me" a encerrar.
O mais incrível de tudo isto é que, levantado o manto da estranheza inicial, os Spoon continuam a soar rock. E do melhor que a América actual produz.
Um dos mais sérios candidatos aos lugares cimeiros das listas de 2007 e a consagração de Britt Daniel (compositor) e Jim Eno (baterista, aqui também produtor) como dois dos mais cativantes perfeccionistas da actualidade.

INTERLÚDIO DE VERÃO

INGMAR BERGMAN
1918-2007

sábado, 28 de julho de 2007

HOJE HÁ...

quinta-feira, 26 de julho de 2007

O SISTEMA MÉTRICO

Em 2001 os canadianos Metric tinham já gravado e pronto a editar aquele que deveria ter sido o seu primeiro longa-duração. Por motivos que a própria razão desconhece, a edição do dito foi atrasada continuamente, até ao ponto de a banda achar que o disco já tinha perdido o timing. E a estreia dos Metric em formato grande acontecia apenas dois anos mais tarde com Old World Underground, Where Are You Now?.
Meia dúzia de anos e dois álbuns volvidos, depois do imenso bruá à volta da música produzida no país da folha de ácer e das distintas colaborações de Emily Haines nos Broken Social Scene, a Last Gang (editora actual da banda) decide-se a comprar os direitos e a editar finalmente Grow Up And Blow Away.
Depois de ouvido este "novo" disco, torna-se incompreensível a razão de tanta espera, já que os ingredientes da música dos Metric estão lá todos: pop melodiosa de ligeiro travo electro, Emily no limbo entre a ingenuidade e a lascívia, e aquela leveza que tão bem sabe nesta época do ano.

quarta-feira, 25 de julho de 2007

DISCOS PE(R)DIDOS #13

SUGAR
Copper Blue
(Creation, 1992)


Não deixa de ter uma certa carga de ironia que, apenas após a consagração dos Pixies e dos Nirvana, bandas que nunca esconderam a sua devoção aos Hüsker Dü, Bob Mould tenha colhido algum reconhecimento público. Com a experiência acumulada nos anos de carreira dos huskers e em dois álbuns a solo que ninguém ouviu, regressou em grande no ano da graça de 1992 integrado em mais um power trio. Quem estava consciente do papel fundador de Mould em muita da música que se produzia por esses dias era Alan McGee, que tornaria os Sugar um dos poucos projectos ianques a editar música com o selo da Creation Records.
Produzido por Lou Giordano, nome ligado aos míticos estúdios Fort Apache de Boston, que imprimiu ao disco um som pungente resistitente à voragem do tempo, Copper Blue acaba por fechar um ciclo na história da música popular norte-americana, com o mestre, de forma humilde, a colher ensinamentos dos seus seguidores. Facto este, logo constatado em "The Act We Act", a faixa que abre o disco, marcada pela guitarra poderosa e pelas alternâncias entre momentos mais calmos e momentos mais enérgicos. Segue-se-lhe "A Good Idea", que caberia facilmente em Trompe Le Monde, obra terminal dos Pixies.
A voz nasalada de Mould, continuando a entoar osc ostumeiros matters of the heart, parece agora exibir uma raiva mais contida, tornando as letras (como sempre) em forma de pequenos contos mais perceptíveis.
A receptividade a Copper Blue foi tal que, o (então) influente New Musical Express o elegeu disco do ano, ao mesmo tempo que os singles "Changes" e "If I Can't Change Your Mind" (a brilhante canção pop que todos deveriam conhecer e saber de cor) eram brindados com um airplay radiofónico significativo (Portugal incluído, eu lembro-me).
Ainda hoje impressionante tanto pela coesão sonora como pela beleza da lírica de Bob Mould, não passa um mês sem que Copper Blue seja revisitado no meu éstereo. Se estiveram para aí virados, façam como eu e transformem este disco em algo mais do que um clássico perdido dos nineties.
Vídeo de "If I Can't Change Your Mind"
Vídeo de "Helpless"
Vídeo de "Changes"

terça-feira, 24 de julho de 2007

SINGLES BAR #12

XTC
Making Plans For Nigel (Virgin, 1979)

We're only making plans for Nigel
We only want what's best for him
We're only making plans for Nigel
Nigel just needs this helping hand
And if young Nigel says he's happy
He must be happy
He must be happy in his work

Ao contrário das bandas new wave norte-americanas, formatadas para o sucesso comercial, as suas congéneres britânicas (excluindo os carreiristas The Police) exibiam orgulhosamente arrojo artístico e uma certa consciência sócio-política, constituindo algo de novo e fresco no panorama pop de então. A título de exemplo, refiram-se nomes como Elvis Costello, The Teardrop Explodes, The Psychedelic Furs, ou estes XTC, tudo gente nos píncaros da crítica musical na passagem dos setentas para os oitentas.
Oriundos da cidade sulista de Swindon, e apesar de serem um quarteto, os XTC eram sobretudo um veículo para o prodígio da composição da dupla Andy Partridge/Colin Moulding. Já com dois álbuns promissores editados, 1979 seria o ano do brekthrough para os XTC, com a edição de Drums And Wires, disco que abria com este "Making Plans For Nigel".
Marcado pelas guitarras de arestas afiadas e pela batida voluptuosa, "...Nigel" ´fazia, com um sorriso amarelo, a paródia de uns pais proteccionistas e inadaptados aos novos tempos, ao mesmo tempo de dava algumas alfinetadas no recém-criado regime Thatcher. Tudo servido por um vídeo promocional bastante arrojado para a época.
Nos anos seguintes, e até ao presente, com formações variáveis à volta duo nuclear, os XTC continuaram a refinação da fórmula pop herdada dos Beatles e dos Kinks em discos tão importantes como English Settlement (1982), Skylarking (1986), ou o duplo Nonsuch (1992). A partir daqui, as edições começaram a rarear mas nem por isso a alquimia se perdeu.
Vídeo de "Making Plans For Nigel"

segunda-feira, 23 de julho de 2007

HÁ COISAS FANTÁSTICAS, NÃO HÁ?

DINOSAUR JR.
Beyond (Fat Possum, 2007)

Quase vinte anos depois de desfeita a formação canónica (J Mascis - Lou Barlow - Murph), os Dinosaur Jr. originais decidiram enterrar o machado de guerra e regressar para uma série de concertos. Isto ocorreu há uma parelha de anos.
Esta reunião seria igual a tantas outras caso os Dinosaur Jr. não se tivessem também disposto a fazer um novo disco. Mas não um disco qualquer!
Depois do penoso definhamento ao longo da década passada, bastou a Mascis esta reunião com os velhos comparsas para recuperar a magia de outrora. Nas onze faixas que compõem Beyond não faltam os típicos ingredientes dinossáuricos: guitarras bem altas e solos vistosos. Como sinal de maior abertura do "ditador" Mascis, que no passado pôs Barlow a berrar o humilhante "Don't", surge a inclusão de "Back To Your Heart", canção a cargo do senhor Sebadoh e momento alto do disco.
Um dos grandes discos rock do ano para comprovar em breve em terras do Alto Minho, à mistura com clássicos do calibre de "Freak Scene" ou "Little Fury Things". Só é pena os Sonic Youth não tocarem no mesmo dia...
Dinosaur Jr. no MySpace

MUSAS INDIE #6

Depois da decepcionante miss Marshall do ano passado, com pouco power, eis o verdadeiro poder felino:

MARY TIMONY

domingo, 22 de julho de 2007

PLEASE BE PATIENT WITH ME*

WILCO
Sky Blue Sky (Nonesuch, 2007)


Desde Summerteeth (1999) que sigo com grande entusiasmo a carreira dos Wilco, banda com um pé na tradição e outro na experimentação, sem nunca assumir qualquer relação de compromisso com uma das tendências. Após o ponto alto atingido em Yankee Hotel Foxtrot (2002), A Ghost Is Born (2004), apesar de ser um álbum muito acima da média, refreeou de certa forma esse entusiasmo.
Confesso que as primeiras amostras isoladas que escutei do novo Sky Blue Sky, somadas a algumas críticas menos efusivas em publicações que, por norma, veneram o combo liderado por Jeff Tweedy, fizeram com que só agora lhe desse a devida atenção.
Depois de algumas audições integrais, Sky Blue Sky revela-se um disco verdadeiramente viciante. Com uma estética ancorada no malfadado soft rock setentista (que Josh Rouse também revisita com resultados variáveis), Sky Blue Sky tem o despudor de exibir inúmeros solos de guitarra luxuriantes (cortesia de Nels Cline, o conceituado novo membro) numa dúzia de temas com tanto de belos como de tristes, sem nunca resvalar para o lado mais negro que marcava os registos anteriores.
Num todo extremamente homogéneo, há, ainda assim temas que sobressaem: "Impossible Germany", "Side With The Seeds", "Hate It Here", e "On And On And On". É neste último que, naquele seu tom único de sinceridade e simplicidade, Jeff Tweedy canta "Please don't cry, we're designed to die". Arrepiante!
Wilco no MySpace

*Título da faixa n.º 7 de Sky Blue Sky

sexta-feira, 20 de julho de 2007

AO VIVO # 3

ARCTIC MONKEYS + X-WIFE
Coliseu dos Recreios, 18/07/2007


Há no que resta da imprensa musical portuguesa um certo alheamento em relação ao momento presente. Há muito desinteressados da pop e do rock (se é que alguma estiveram interessados), fenómenos como o dos Arctic Monkeys são o favourite worst nightmare dos nossos escribas. Uns há que concebem o universo como o raio de acção de uma certa casa nocturna para os lados de Santa Apolónia, enquanto outros vão dançando electropop como robôs de 1984. A carneirada, como não é parva, vai-se tresmalhando, os suplementos musicais vão desaparecendo, perdem-se empregos e, pior do que isso, lá se vai o bilhete de avião para Nova Iorque e as férias em Ibiza, que já não editora que pague. Entretanto, uma imensa minoria tresmalhada assiste a concertos históricos, como o de anteontem no Coliseu.

É legitímo que aqueles que, como eu, assistiram à espantosa prestação dos Monkeys em Maio do ano passado no Paradise Garage entrem no Coliseu com algum receio de que um segundo concerto menos conseguido possa manchar memórias tão gratas. Puro engano. Agora já com dois excelentes discos em carteira, os quatro de Sheffield têm ainda mais motivos (leia-se canções) para agradar ao público (e que público!) que esgota a sala.
Em perfeita sintonia com esse mesmo público, a banda instala uma autêntica celebração rock'n'roll de pouco mais de uma hora em que todos comungam, entre os primeiros acordes de "The View From The Afternoon" e os últimos de "A Certain Romance".
Pelo meio, há mesmo momentos em que se crê que o tecto vai desabar, perante tamanho frenesim: "Brianstorm", "Fake Tales Of San Francisco", "I Bet You Look Good On The Dancefloor", "Dancing Shoes", "When The Sun Goes Down"...
Avessos ao vedetismos e sem qualquer ponta de arrogância, a banda vai desfilando as canções quase em regime non stop, sem dar tempo aos merecidos aplausos. E se a perfeição é muitas vezes rondada, acaba mesmo por ser atingida nessa sublime canção de dor-de-corno movida a guitarra zombie que é "Do Me A Favour".
No final (sem encore, como mandam as regras), os milhares de seres suados e de rostos sorridentes abandonam a sala já a sonhar com a próxima vinda dos Arctic Monkeys a Portugal. É que não há (mesmo) festa como esta!
Na primeira parte, estiveram os nossos X-Wife que, como já é seu apanágio, cumpriram muito mais do que função de aquecer a sala. Com um alinhamento em tudo idêntico ao apresentado dias antes no SBSR, as canções ganham neste cenário um pendor mais rockeiro e mais negro, num claro sinal de versatilidade. Digo-lhes que poucas vezes vi uma primeira parte gerar tanto entusiasmo na plateia, como as manifestações do forte contigente portuense (olé!) fizeram questão de sublinhar.
Bem hajam os Monkeys, bem hajam os X-Wife, abençoado este público magnífico!

quarta-feira, 18 de julho de 2007

WHEN THE SUN GOES DOWN

Hoje, 21h00 @ Coliseu dos Recreios

Mais um momento apoteótico em perspectiva?

terça-feira, 17 de julho de 2007

EM ESCUTA #16

SHELLAC
Excellent Italian Greyhound (Touch and Go, 2007)


Não se pode dizer, nem mesmo para os conhecedores de longa data do trabalho dos Shellac, que Excellent Italian Greyhound seja um disco de fácil assimilação. A estranheza do título (dedicado ao cão do baterista Todd Trainer), e o invulgar trabalho gráfico da embalagem (absurdo e brilhante em partes iguais), encontram paralelo na música contida na rodela.
Após uma primeira audição, dois dos nove temas de ...Greyhound, longos e quase em regime spoken word, soam completamente atípicos no universo Shellac, onde os temas rápidos e secos são a norma. São esses temas, o inaugural "The End Of Radio" e "Genuine Lulabelle".
O primeiro, após algumas audições aturadas, acaba até por se revelar um dos melhores momentos deste disco. Nele, Steve Albini, na pele de um locutor de rádio emitindo para um planeta deserto, vai berrando "can you hear me now?". Uma excelente metáfora à baixa qualidade das rádios que já ninguém ouve, pontuada pela guitarra cortante e a bateria quase jazzística.
Quanto a "Genuine Lulabelle", trata-se de um desabafo de dedo médio em riste sobre alguém que se presume ser uma ex-namorada italiana. As letras são capazes de fazer corar os Enapá 2000 e o suporte instrumental está muitas vezes ausente. Confesso que não entendi a intenção e acho o tema dispensável.
Não obstante um maior depuramento que torna o som mais esquelético, faixas como "Steady As She Goes", "Be Prepared", "Elephant", ou o derradeiro "Spoke", são facilmente categorizáveis como Shellac vintage.
Não atingido desta feita a excelência de At Action Park e 1000 Hurts, e apesar do intragável "...Lulabelle", um regresso dos Shellac após sete longos anos de silêncio é sempre de saudar, ainda para mais com um disco que só precisa de alguma insistência (e predisposição) para se ir revelando.
Quanto às qualidades de Steve Albini enquanto "registador de sons", essas permanecem inabaláveis. Para o confirmar basta escutar a pureza sonora de ...Greyhound de headphones e comparar com o som artificial das dezenas de discos que todos os meses nos chegam aos ouvidos.

segunda-feira, 16 de julho de 2007

TÍTULOS IRRESISTÍVEIS

Numa clara manifestação do "Síndroma Alta Fidelidade" a que o camarada Joe faz referência neste post (onde também nos dá a conhecer o seu "lado João Lopes"), decidi elaborar mais uma lista neste blogue (Aviso: Num futuro próximo listas deste tipo poderão surgir com maior regularidade).
Desta vez trata-se de uma lista bastante peculiar que já tinha em mente há algum tempo. Assim, num rápido exercício de memória elegi dez temas dentro do espectro abordado por estas bandas que, apenas pelos títulos sui generis, dá logo vontade de ouvir. Devido à rapidez da escolha, esta lista tem muito pouco de definitivo, pelo que, os vossos comentários e/ou sugestões são muito bem vindos.
Então, em estilo countdown, aqui ficam as dez "eleitas":

10. PRETTY GIRLS MAKE GRAVES "If You Hate Your Friends, You're Not Alone" (2002) : Com amigas destas...

9. MORRISSEY "We Hate It When Our Friends Become Successful" (1992): Mais um tributo aos valores da amizade, desta vez por Mr. Stephen Patrick.

8. GALLOWS "Just Because You Sleep Next To Me Doesn't Mean You're Safe" (2006): Mas quem é que se sente seguro/a a partilhar os lençóis com um tipo ruivo, todo tatuado, e que grita que nem um perdido?

7. HELP SHE CAN'T SWIM "What Would Morrissey Say?" (2004): Paródia à importância que alguns acólitos do senhor da n.º 9 dão a tudo aquilo que ele pensa.

6. THE DANDY WARHOLS "Not If You Were The Last Junkie On Earth" (1997): Dedicatória dos dandies a Anton Newcombe, líder dos Brian Jonestown Massacre, depois das relações entre as duas bandas terem azedado. A resposta do visado não se fez esperar: "....The Last Dandy On Earth" que remetia igualmente para "Cool As Kim Deal", outro tema dos DW.

5. ISLANDS "Don't Call Me Whitney, Bobby" (2006): Cenas da vida conjugal de um casal que tem pouco de modelo.

4. SLEATER-KINNEY "I Wanna Be Your Joey Ramone" (1998): De uma penada, as meninas homenageiam dois ícones punk.

3. THE WALKMEN "Revenge Wears No Wristwatch" (2002): Os meus miserebalistas preferidos da actualidade são mesmo uns tipos letrados!

2. HALF MAN HALF BISCUIT "All I Want For Christmas Is A Dukla Prague Away Kit" (1987): Para quem não sabe, o Dukla é um clube checo que nos idos de oitenta me deu uma grande alegria ao afastar um certo clube da capital das provas europeias. Tendo em conta o mau gosto demonstrado nas cores do equipamento principal (amarelo), é bem provável que o alternativo fosse rosa.

1. MCLUSKY "Lightsabre Cocksucking Blues" (2002): Star Wars à maneira do País de Gales. Na "direcção" esteve Steve Albini, o que pode querer dizer alguma coisa.

quarta-feira, 11 de julho de 2007

WITH THE LIGHTS OUT

Dentro de sensivelmente duas semanas, mais propriamente a 26 de Julho, os nossos queridos amigos amarelos, protagonistas da segunda melhor série de televisão de sempre, chegam ao grande ecrã.
A contagem decrescente começou...

terça-feira, 10 de julho de 2007

SINGLES BAR #11

DROP NINETEENS
Winona (Caroline, 1992)

Com esta pequena pérola, os bostonianos Drop Nineteens prestavam, há quinze anos atrás, a devida homenagem a Winona Ryder, a musa do cinema indie de então.
Numa época em que o grunge era já a nova ordem, os Drop Nineteens (juntamente com os conterrâneos The Swirlies) eram a resposta norte-americana à vaga shoegazing inglesa. No entanto, em contraste com os seus congéneres britânicos, Delaware, o excelente álbum de estreia, ostentava uma veia mais enérgica e menos espectral. O single óbvio, "Winona", com um pé no power pop, é disso um bom exemplo.
No b-side, e no pólo oposto, surgia o acústico "My Aquarium", belíssimo dueto entre Greg Ackell e Paula Kelley, igualmente incluído em Delaware.
Só estes dois temas são mais que suficientes para garantir aos Nineteens um lugar no panteão indie. A (re)descobrir urgentemente.
Vídeo de "Winona"

segunda-feira, 9 de julho de 2007

SOB UM SOL DE PRATA

Saudosistas dos Pumpkins da era Siamese Dream? Esqueçam que o novo Zeitgeist existe e corram a ouvir Carnavas, o primeiro longa duração dos californianos Silversun Pickups.
A mesma fúria nas guitarras, a mesma doçura nas vozes. O baixo poderoso (também tocado por uma menina) e um invulgar apelo pop assinalam as diferenças.
Se fizerem o favor de ouvir "Lazy Eye" e, sobretudo, "Well Thought Out Twinkles" percebem melhor aquilo que eu quero dizer. Apetece ter de novo vinte anos...

domingo, 8 de julho de 2007

A ARTE BRUTA















Não, este post não é dedicado ao milionário afrikander de ascendência insular. Aquele que aparece em todos os noticiários do último mês, quase sempre por um motivo diferente.
Serve este post apenas para informar os mais distraídos que, aquele quinteto de dandys que responde pelo nome de Art Brut e que é, tão somente, uma das melhores coisinhas saídas das Ilhas Britânicas neste início de século, tem novo álbum. O segundo, mais concretamente.
Uma breve observação ao alinhamento de It's A Bit Complicated pode levar a pensar estarmos na presença de um disco de versões. Mas não, "Pump Up The Volume", "I Will Survive", "Nag Nag Nag Nag", e "Jealous Guy" são mesmo temas originais dos Art Brut onde as guitarras rasgadinhas e a ironia mordaz de Eddie Argos marcam, mais uma vez, presença.
Não resisto a reproduzir aqui um excerto da letra de "Nag Nag Nag Nag", o single já com alguns meses:


Wet trousers in the washing machine,
but I’d rather be damp than seen in jeans.
I’m grown up now but refuse to learn
that those were just adolescent concerns.
I’m possibly missing something
someone should have told me.
My record collection reduced to a mixed tape,
headphones on I made my escape.
I’m in a film of personal soundtrack.
I’m leaving home and I’m never gonna come back.
I’m learning lyrics from the CD inlay
to impress people with the stupid things I say.

sábado, 7 de julho de 2007

MUSAS INDIE #5

A propósito de um post aqui, ladies and gentlemen, Miss...

EMILY HAINES

sexta-feira, 6 de julho de 2007

AO VIVO # 2

SUPER BOCK SUPER ROCK 2007

Na ressaca dos três dias extenuantes do 13.º (e melhor de sempre) SBSR, confesso que já sinto saudades. As linhas que se seguem são a minha opinião muito sucinta e honesta sobre a prestação das diversas bandas que passaram pelo palco do Parque Tejo nestes três dias inesquecíveis. Vou aqui tentar evitar tecer qualquer tipo de comparação entre actuações. Além deste tipo de comparações serem extremamente injustas devido às condições específicas de cada concerto (horário, som, luzes, público), são o trabalho da imprensa diária, sempre ávida de novos heróis e novos vilões.

3 de Julho

Após a chegada ao recinto e a habitual volta de reconhecimento, durante a qual os Gift tentavam provar de forma vã que não são nada enfadonhos, deu-se a primeira aproximação ao palco para assistir ao concerto dos Klaxons. Apresentando uma indumentária mais sombria do que o habitual, os putos coqueluche tiveram uma entrada meteórica devidamente sublinhada pelo público já bastante numeroso para aquela hora. Lá pelo meio a coisa amainou um bocado, ganhando vida renovada na parte final do concerto onde não faltou o soberbo "Magick". Primeiro triunfo do festival, que poderia ter sido mais rotundo se tivesse ocorrido a uma hora mais tardia.

Apesar de ter aproveitado para jantar durante a prestação do Magic Numbers, deu para perceber que a pop solarenga do quarteto britânico teve melhor acolhimento do público do que aquele que eu esperava. Muito bonito e competente.

Também (apenas) competentes foram os Bloc Party. Aquela que era até há pouco uma das bandas mais queridas do público portuga parece ter perfeita consciência das debilidades do seu segundo álbum, dando um especial destaque aos temas de Silent Alarm. Não faltaram por isso "Banquet", "Like Eating Glass", "Helicopter" e "So Here We Are", para gáudio de milhares. A curva do entusiamo teve uma variação semelhante à dos Klaxons e as insuficiências da voz de Kele Okereke estiveram mais evidentes do que em Paredes de Coura.

Mas se os Bloc Party eram os cabeças de cartaz deste primeiro dia, os Arcade Fire foram, como se esperava, as estrelas da noite. A pompa da maioria dos temas de Neon Bible funciona muito bem em palco ("Intervention" nem assim se safa) e provoca um efeito sobrenatural sobre o público. Foi muito bom terem tocado "Antichrist Television Blues" (não esperava, confesso), de longe o melhor e mais atípico tema da bíblia de neon. Só foi pena que, entre os poucos (e pouco rodados, pareceu-me) temas tocados de Funeral não tenha havido "Laïka". A voz de Régine Chasagne em "Haïti" não foi das melhores coisas que se ouviram para os lados do SBSR, mas não conseguiu manchar um concerto a roçar a pefeição. E como eu disse há uns meses atrás, o estádio é deles não tarda nada...


4 de Julho

O dia mais esperado deste SBSR começou a meio da actuação dos Linda Martini. Apesar dos escassos minutos a que assisti, deu para perceber que a banda ostenta um crecente à-vontade em palco. Não sendo particularmente imaginativos, têm uma atitude bastante louvável. Só é pena aquela voz sofrível a debitar "poesias" à maneira das bandas da Linha de Cascais. Com aquele enrolanço na pronúncia dos "tt" e tudo...

Ainda não passaram dois anos sobre a edição do primeiro (e bem recebido) disco dos Clap Your Hands Say Yeah e parece que foi há uma década, tal a indiferença a que foram votados durante o concerto. Para piorar o cenário, a voz de cana-rachada de Alec Ounsworth parece não ter caído no goto dos presentes. Pareceram-me um pouco deslocados do resto do cartaz, o que é uma pena, pois mereciam algo mais. Ainda assim, provaram mais uma vez que "The Skin Of My Yellow Country Teeth" é uma das melhores canções de "dança esquizofrénica" dos últimos anos.

A pop arty dos Maxïmo Park constitui uma caso à parte no actual cenário musical made in Britain. A maior virtude destes rapazes é a forma como conseguem evidenciar diversas referências de boa memória sem cair no mero copismo. Entoando letras de fino recorte, Paul Smith foi uma das figuras (e das vozes) do festival: comunicativo, simpático e bem-humorado. Apesar de um menor balanço nos temas mais downtempo de Our Earthly Pleasures, "Apply Some Pressure", "Grafitti", "Girls Who Play Guitars", ou "Our Velocity", garantiram o triunfo.

E o cenário estava montado para o acontecimento do ano: The Jesus and Mary Chain. Após os problemas com a guitarra de William Reid que marcaram o inaugural "Never Understand", os JAMC arrancaram as primeiras demonstrações de delírio com "Head On" logo a seguir. A estranha apatia da maioria do público nas filas da frente, permitiu-me desfrutar em lugar previligiado de pérolas com "Cracking Up", "Just Like Honey", "Some Candy Talking", ou "Reverence" (arrebatador, a encerrar). Nem a entrada em falso de "Some Candy Talking" foi capaz de perturbar a coolness de Jim Reid, um figurão digno de reverência. Estranhamente não houve nem "Darklands", nem "April Skies"...

Não há qualquer dúvida que James Murphy sabe quais os ingredientes certos para fazer delirar o público mais heterogéneo. Os LCD Soundsystem são uma máquina de fazer dançar, seja com temas sofríveis ("North American Scum", "Daft Punk..."), medianos ("Tribulations"), ou soberbos ("All My Friends"). Até na devida vénia aos heróis do passado o homem soube não cair na previsibilidade, com a interpretação do mais ou menos obscuro "No Love Lost" dos Warsaw. Só um senão: entre as virtudes que possa ter, James Murphy não é um cantor brilhante, pelo que, aquele "New York I Love You...", a encerrar, era dispensável.

5 de Julho

No dia de encerramento do SBSR, apesar do cansaço acumulado, consegui reunir forças para chegar a horas de aassistir a 2/3 do concerto dos X-Wife. Depois da experiência irrepetível de Paredes de Coura, cada nova actuação da banda a que assisto é um avivar da memória desse momento tão grato. Com a mais-valia que trouxe a introdução de um baterista, a máquina parece cada vez mais oleada e João Vieira é o frontman que este país não merece.

Falar dos Gossip é falar de Beth Ditto. É injusto para o resto da banda mas, a voz e a imagem da menina sobrepõem-se a tudo o resto. Muito suor, muito groove, e o público rendido. Talvez noutro horário (ou noutro local) o efeito tivesse sido ainda mais demolidor.

Só a entrada em palco com "Young Liars" foi suficiente para dissipar qualquer cepticismo em relação ao aguardado concerto dos TV on the Radio. Mais uma vez, como no dia anterior, aquele publicozinho imberbe que povoava a frente do palco não foi obstáculo capaz de travar o entusiasmo de alguém com mais de três décadas nas pernas. Felizmente não estava sozinho nos delírios com contornos de celebração de "Wolf Like Me" e "Staring At The Sun". Se alguns viram um génio na véspera, ei vi-o neste mesmo dia: chama-se David Sitek e é bem mais discreto, por sinal.

Pelo canto do olho, durante o período do merecido descanso, deu para perceber que o circo Scisor Sisters quase descambava para a pornografia. No país de onde vêm é-se detido por bem menos...

Fui um claro entusiasta do primeiro disco dos Interpol mas, confesso que Antics nunca me conseguiu encher as medidas. Por isso as expectativas para a primeira vez da banda nova-iorquina em solo luso dividiam-se entre a esperançado e o receoso. Felizmente correu tudo pelo melhor, num concerto obviamente marcado pelas canções no álbum que aí vem e, em que, os dois registos anteriores foram democraticamente recordados. Houve até um ligeiro arrepio na espinha quando, de enfiada e já no encore, os Interpol presentearam a assistência com os seus dois melhores temas de sempre: "NYC" e "Stella Was A Diver...".

Foi muito bom, ainda que por breves instantes, constatar que os Underworld continuam iguais a si mesmos na arte de fazer dançar com uma música que se ouve com igual deleite.

Já em piloto-automático, e ao som dos Underworld, houve rumagem ao Incógnito para a "festa Interpol". E em boa hora, pois permitiu trocar umas ligeiras impressões com o simpatiquíssimo Tunde Adebimpe que ali se encontrava com outros dois membros dos TVOTR. Também por lá estava Paul Banks, o vocalista dos Interpol, mas não me pareceu lá muito virado para grandes conversas.

quarta-feira, 4 de julho de 2007

segunda-feira, 2 de julho de 2007

DISCOS PE(R)DIDOS #12

BARK PSYCHOSIS
Hex (Circa, 1994)
Desde a sua formação na segunda metade da década de 1980, ainda adolescentes e como mera banda de covers dos Napalm Death (!), até este marcante álbum de estreia alguns anos mais tarde, os Bark Psychosis operaram uma verdadeira revolução na sua música. Este work in progress ficou devidamente documentado nos diversos singles editados pelo caminho.
Definir Hex por palavras não é tarefa fácil, pelo que arriscaria dizer que a melhor definição deste disco estará mesmo na belíssima fotografia que ilustra a capa. Exibindo uma unidade inigualável entre os sete temas que o compõem, Hex poderá ainda assim definir-se, grosso modo, como um disco de ambient ligeiramente devedor de alguns percursores dentro desta área, como Talk Talk ou David Sylvian. Em relação a este segundo as similaridades passam sobretudo pelo registo vocal de Graham Sutton.
No entanto, e ao contrário dos exemplos citados, encontramos em temas como "The Loom" e "A Street Scene" um groove inusitado, muito por força do baixo jazzístico e da percussão de travo afro. Além dos atributos referidos, o maior trunfo de Hex reside na gestão que é feita do silêncio, tornando-o um elemento da própria música, não desbaratando qualquer recurso: cada músico só toca as notas necessárias, a voz só entra quando lhe é pedido.
Apesar de não ser um disco muito frequentemente citado nos dias de hoje, as paisagens atmosféricas de Hex teriam eco alguns anos depois em bandas como os portugueses Hipnótica, ou até na fase mais experimental dos Radiohead. Após a aclamação crítica e o fraco reconhecimento público, os Bark Psychosis remeteram-se a um silêncio de uma década, quebrado apenas pela edição do também recomendável Codename: Dirtsucker.
Como testemunho do carácter pioneiro e da difícil catalogação deste disco, fiquem a saber que é ele que se deve a primeira utlização da expressão post-rock, "criada" por Simon Reynolds na crítica de Hex publicada no extinto Melody Maker. A história que veio a seguir, já todos a conhecem...

domingo, 1 de julho de 2007

JUANITA E SUS MUCHACHOS

Pop bem urdida que não tem vergonha de o ser, leve e melancólica q.b., será provavelmente o tónico perfeito para o típico tédio domingueiro. Os apropriadamente baptizados The Sundays eram a banda que nos idos de noventa melhor preenchia estes requisitos.
Com a saudosa banda britânica há muito extinta, os australianos Howling Bells vêm de certa forma colmatar uma lacuna. O punhado de singles e o álbum homónimo do ano passado, feitos de uma pop elegante com ligeiro travo country & western, são o veículo perfeito para a bela voz, ora dramática, ora confessional, da iguamente bela Juanita Stein. Os rapazes que a acompanham, apesar da má pinta, constroem delicadas filigranas que não só evocam os citados The Sundays, como também, salvas as devidas distâncias, os históricos Cocteau Twins.
Não será por acaso a sua ligação contratual à Bella Union, estrutura editorial erigida pelo ex-Twin Simon Raymonde.