"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

terça-feira, 30 de abril de 2013

Good cover versions #74












BEACH HOUSE _ "Some Things Last A Long Time" [Carpark, 2008]
[Original: Daniel Johnston (1990)]

Some Things Last a Long Time by Beach House on Grooveshark

Correndo o risco de estar a conjecturar em vão, estou em crer que, se por acaso um dia um tal de Kurt Cobain não tem aparecido com a agora famosa t-shirt com uma das suas ilustrações, Daniel Johnston talvez nunca tivesse saído da obscuridade penetrável apenas por um punhado de geeks. A desfavor desta teoria temos o facto de que, quando o "mártir dos noventas" proclamou aos quatro ventos o seu amor pelas gravações sofríveis mas sinceras de Johnston, já antes outras luminárias do indie norte-americano, tais como elementos dos Sonic Youth, dos Yo La Tengo, ou Jad Fair, seguiam de perto e incentivavam a composição de tocantes canções de cunho pessoal, invariavelmente registadas em cassetes de gravação caseira. Foi em parceria com o último, também ele um ícone da filosofia lo-fi, que Daniel Johnston compôs "Some Things Last A Long Time", eventualmente a sua mais brilhante e bela canção. Já com uma qualidade de gravação acima da média para os padrões johnstonianos, sob a produção de Mark Kramer, o tema sustenta-se num piano minimalista, aqui e ali acompanhado por ruídos acidentais que podem ou não ser da guitarra. Com a sua voz imperfeita e infantilóide, Daniel Johnston não deixa o mais empedernido indiferente, com uma letra simples mas eficazmente eloquente a expressar a dor de carregar as memórias de alguém que agora é objecto de um amor apenas unidimensional.

Das muitas versões que foi alvo, à semelhança de tantos outros temas de Johnston, talvez nunca "Some Things Last A Long Time" tenha sido tão abençoado como na revisão dos Beach House. Desta dupla já se sabe que o nome veraneante soa algo irónico relativamente à música que produz, envolta num manto atmosférico de desolação. A versão foi incluída no seu segundo álbum, ainda antes da consagração massiva, mas provavelmente naquele que melhor apuram a sua fórmula cinemática, obviamente de filme negro. São fieis aos original, resumindo o suporte instrumental à linha de piano e alguns apontamentos de órgão, percussão, e sons pré-gravados da chuva. Por contraponto ao "grasnar" de Johnston, a voz sumptuosa de Victoria Legrand remete para algo de grandioso, embora encarne a mesma dor profunda. Pese embora tenham encurtado a sua versão, suprimindo a parte de maior auto-comiseração do final do original, os Beach House têm o mérito de manter inviolável a essência do original, algo raramente conseguido na reinterpretação de canções de outrem.

segunda-feira, 29 de abril de 2013

Haja alegria!

















Na última década, e em especial na última meia dúzia de anos, a febre revivalista chegou também aos meandros do shoegaze e territórios noise-pop adjacentes. Por esta altura, já teremos perdido a conta às bandas ou projectosque, de diferentes formas, desenvolvem uma identidade musical na qual o ruído e idílico se imiscuem, propiciando sugestões espectrais. No entanto, não são precisos mais que os dedos de duas mão para contar aqueles que ousaram pegar na essência e acrescentar algo, os que não se limitaram à mera regurgitação de um passado com pouco mais de vinte anos. Neste lote temos de incluir obrigatoriamente a dupla No Joy, que, com as suas integrantes separadas pela distância que vai da Califórnia ao Quebec, trocaram ideias e gravações para criar um dos discos mais estimulantes do chamado nu-gaze. Falo-vos de Ghost Blonde (2010), um denso emaranhado de espirais de ruído que, a princípio, pode causar alguma estranheza, para, aos poucos, nos sugar irremediavelmente.

Para as gravações do novíssimo Wait To Pleasure, Jasmine White-Glutz e Laura Lloyd já se encontravam ambas estabelecidas em Montreal. Essa proximidade, e o convívio em estúdio, poderão ter sido determinantes na direcção seguida, inequivocamente mais próximo de formatos estandardizados de canções e abrindo frestas por onde penetra alguma luminosidade. Sem, no entanto, retirar o pé dos pedais de efeitos ou abdicar das texturas elípticas, a parelha ousa tanger a pop, naquilo que esta tem de mais puro, com as vozes e as palavras agora perceptíveis sobre a descarga sónica. Relativamente à massa compacta que era Ghoste Blonde, o novo registo também se distingue nas diferentes opções estéticas abordadas. Assim, o avanço "Lunar Phobia" é uma visão reactualizada do ponto em que a sensualidade dos Curve se intersecta com a fantasmagoria dos Cocteau Twins, enquanto "Blue Neck Riviera" é uma dança narcótica com batidas mecânicas violentadas pelas doses de distorção. Na toada de dream-pop imaculada da escola Slowdive sobressaem "Hare Tarot Lies" e "Uhy Yuoi Yoi", bem diferentes de "Pleasure" ou "Lizard Kings", estes equidistantes dos abstraccionismos do anterior das No Joy e do último dos My Bloody Valentine. Em suma, podemos dizer que, não obstante a fácil identificação das bases de trabalho combinadas com cunho pessoal, Wait To Pleasure é um passo evolutivo seguríssimo, não necessariamente incaracterístico, de uma banda que já conquistou o seu espaço no nicho específico em que se move.

"Lunar Phobia" [Mexican Summer, 2013]

sábado, 27 de abril de 2013

Ao vivo #105

















Psychic TV + Les Baton Rouge @ Centro Cultural do Cartaxo, 24/04/2013

Falar dos Psychic TV é falar de Genesis P-Orridge, uma das mais controversas e provocadoras personagens do universo "alternativo". As formações que o acompanham são variáveis, tal como o são as expressões musicais que, desde a fundação deste projecto mais pessoal logo a seguir à extinção dos seminais Throbbing Gristle, já variaram entre o psicadelismo folk e a house music. Portanto, devido às credenciais e à instabilidade da estrela da noite, poucos saberiam ao que iam na passada quarta-feira.

O que calhou em sorte à maior multidão que já presenciei no CCC foi algo que tresanda a setentas, sem grandes acrescentos de cunho pessoal. Acompanhado por uma banda que poderia ter pedido elementos emprestados à formação dos Spinal Tap, Genesis mergulha numa sucessão de clichés do chamado "rock pedrado", com tendência para o exibicionismo virtuoso, algo que privilegia a forma em detrimento da substância. Assim, por cortesia de um guitarrista ligado à corrente, o concerto que rondou a hora e meia foi uma sucessão de riffs que tanto poderíamos já conhecer dos Hawkind ou dos Pink Floyd, ou até - pasme-se! - de uns Scorpions ou outro equiparado hard-rock. Servidos por efeitos de som com esse propósito, e beneficiando da boa acústica da sala, os Psychic TV conseguem - há que admiti-lo - criar uma atmosfera com alguma imponência. Levada pela muralha sonora, a turba reage com significativo entusiasmo, embora eu arrisque dizer que a reacção fosse idêntica se P-Orridge tivesse optado por uma série de versões dos UHF ou dos Delfins. No fundo, é a isto que se resume o servilismo aos ícones, com manifestações de devoção mesmo quando eles se nos apresentam como caricaturas toscas dos artistas desafiantes que já foram. Estes, por seu lado, talvez estejam a pagar o preço de um longo alheamento do mundo real, processo normalmente induzido a ácidos, nem se dando conta da sua triste figura.

Com mais de década e meia de existência, os portugueses Les Baton Rouge são um daqueles casos em que que a falta de sucesso comercial não significa, necessariamente, uma carregada agenda de concertos e uma boa reputação de palco. Confesso que, ao primeiro vislumbre, temi mais uma "banda de tributo aos Cramps", algo em que este país estranhamente é pródigo. Assim não foi, e aquilo a que podemos assistir, não obstante a escassez de ideias originais, foi a prestação de uma banda à qual sobra a atitude que não abunda por cá. Sobretudo na vocalista Suspiria Franklyn, dona de uma voz que, nos floreados e nas variações de tom, faz lembrar uma Kristin Hersh, se esta se tivesse entregue à vida rock'n'roll. Pela comparação já perceberam que Les Baton Rouge não estão para sensibilidades. Com o seu rock sem merdas, sujo e irrequieto, desfilam um lote de temas curtos e secos, que tanto podem fazer lembrar as Runaways como as Babes in Toyland, os X-Ray Spex como os Ikara Colt. Porém, fazem-no com uma naturalidade que lhes confere muita personalidade.

terça-feira, 23 de abril de 2013

R.I.P.



STORM THORGERSON
[1944-2013]

Na passada quinta-feira, dia 18 de Abril, sucumbiu a um cancro Storm Elvin Thorgerson. Por muitos, este inglês de ascendência norueguesa é considerado o melhor criador de capas de álbuns de todos os tempos.

O seu trabalho mais representativo confunde-se com a a história pop/rock da década de 1970, em particular da facção prog. Tendo trabalhado para inúmeras bandas, talvez se tenha destacado pela longa e estreita ligação aos Pink Floyd. Para estes, criou a icónica capa de Dark Side Of The Moon (1973), mas também outros trabalhos fabulosos como o são as capas de Atom Heart Mother (1970) e Animals (1977). As suas criações de sugestão cósmica serviram ainda de capa para discos do próprio ex-Floyd Syd Barrett, Genesis, Peter Gabriel, Black Sabbath, ou 10cc, sempre com imagens que eram uma extensão da própria música contida nesses discos. Mais recentemente, trabalhou para bandas tão inconsequentes e de gosto tão duvidoso como os Muse, os Cranberries, os Dream Theater, ou os Biffy Clyro, curiosamente com criações que já acusam algum desgaste de uma fórmula, talvez porque ainda coladas à mesma imagética que outrora tinha muito de futurista.

Nesta longa aventura não esteve só, pois, juntamente com o amigo Aubrey Powell, fundou em 1968 o colectivo de design Hipgnosis, autêntica marca registada nos meandros prog-rock. Aos dois, juntar-se-ia mais tarde Peter Christopherson, também músico fundador dos Thobbing Gristle e dos Coil. Quando se extinguiu, em 1983, a companhia tinha também já vasto currículo no florescente mercado dos videoclips.

Ao vivo #104



















O Phestival @ Hard Club, 19-20/04/2013

Talvez esta coisa d'O Phestival pouco ou nada diga àqueles que não pertencem a essa congregação chamada Igreja Universal dos Fazedores de Bonitas Listas Musicais dos Últimos Dias, ou IUFBLMUD para encurtar. Esses, provavelmente, não são autênticos geeks que, noite após noite, aguardam impacientemente pelas doze badaladas para alimentar esse vício das listas musicais, ou "Síndroma Alta Fidelidade", como noutros tempos lhe chamava o Criador da seita. Aos infiéis, convenhamos, também não me parece que fosse particularmente apelativo um naipe de bandas com pouco nome na praça, com a particularidade de cada uma delas incluir pelo menos um "fiel" da IUFBLMUD. Por isso, é natural que, no passado fim-de-semana, o Hard Club fosse local de peregrinação quase exclusivamente para fervorosos fundamentalistas da causa para assistir ao evento que o sonho de uns quantos e o trabalho de muitos tornou possível. Para tão solene ocasião os "irmãos" músicos não se fizeram rogados, e arrancaram concertos de nível qualitativo bem acima do habitual em bandas nacionais, até mesmo das mais habituadas aos festivais "institucionais". Em particular precisamente aquelas que incluem pessoas das quais me orgulho de ser amigo: Malcontent, Olavo Lüpia e Tallowate.

Com uma formação renovada relativamente à única vez que se tinham cruzado no meu caminho, os Malcontent deixaram meio mundo boquiaberto com a sua prestação rock da escola sónica amiga da distorção. Os Mary Chain ainda são a principal fonte de inspiração, mas discípulos como os A Place To Bury Strangers ganham terreno a bem da imponência da muralha sonora. Se a colagem aos mestres pode ser um aspecto negativo, os Malcontent compensa-no com um lote de canções soberbas e um savoir faire pouco habitual mesmo em bandas de muito maior dimensão. Quanto a Olavo Lüpia, esse trovador do lado errado da vida, era muita a vontade de o encontrar em cima de um palco, depois de ficar babado de orgulho com as canções que este grande amigo me foi dando a conhecer previamente. Nos temas mais convencionais, se é que podemos chamar convencionais a estas trovas amargas, talvez o nosso bom homem acuse alguma maciez que não lhe imaginava. Vamos ser optimistas e pensar que a rudeza seguirá dentro de momentos, em ocasiões não revestidas de tão grande carga emocional. Porém, a secura ainda marca presença, sobretudo quando Olavo embarca numa toada bluesy, com a mesma autenticidade de um ceguinho do Mississippi dos tempos da Grande Depressão. Por fim, queria falar-vos dos Tallowate, essa entidade que encerra em si diferentes tendências da linha dura do rock. À frente têm o verdadeiro animal de palco, um vocalista a quem baptizo desde já como "o Steve Albini da Cedofeita". É este ser movido a adrenalina, velho conhecedor do rock sem meias tintas, que capitaliza as atenções, quase ofuscando um trio de músicos competentíssimos, talvez a máquina musical mais bem oleada de todo O Phestival.

Deste evento recheado de acontecimentos para registar nas melhores memórias de uma vida de rock'n'roll, poderia ainda falar-vos de uma data de pequenas coisas que não acontecem noutros festivais. Mas não o vou fazer porque não quero maçar-vos com emoções demasiado pessoais a que o vosso estatuto de infiéis talvez não atribua a devida importância. E também, porque, com uma pequena dose de mistério, talvez vos crie água na boca para a segunda edição d'O Phestival.

quinta-feira, 18 de abril de 2013

R.I.P.



SCOTT MILLER
[1960-2013]

Com 53 anos de idade, morreu no passado dia 15, segunda-feira, o músico e escritor norte-americano Scott Miller. As causas de tão prematuro desaparecimento continuam desconhecidas.

Eventualmente hoje esquecido pelas massas, nos idos de oitentas, Miller foi uma das figuras de proa da "cena" college-rock americana, equivalente ianque ao emergente meio indie-pop britânico. Ao longo dessa década encabeçou os Game Theory, nos quais era vocalista, guitarrista e principal compositor. Embora o sucesso comercial nada tenha querido com a banda, esta foi alvo do entusiasmo dos críticos e de um culto fervoroso de uns quantos fieis. Nascidos na zona da Baía de San Francisco, os Game Theory ficaram ligados à génese do movimento musical californiano que ficou conhecido como Paisley Underground, embora a sua música, extremamente imediata e melódica, se encaixe mais adequadamente no compartimento power-pop. Neste sub-género, normalmente dado às insignificâncias das letras, distinguiam-se pelas constantes referências literárias contidas nas canções de Miller. Deixaram gravados oito álbuns, entre os quais se destacam The Big Shot Chronicles (1986) e Lolita Nation (1987). Este último, com uma clara alusão à obra mais conhecida de Vladimir Nabokov, é um duplo álbum que funciona como um autêntico festim melódico, apesar de muitas vezes ensombrado por uma atmosfera de gravidade que reclama a herança de Third/Sister Lovers, o álbum maldito dos Big Star. Admiradores confessos eram os R.E.M. ("What's The Frequency, Kenneth?" pilha o título do intro que abre aquele disco duplo), os grandes triunfadores do mesmo universo college-rock que viu nascer os Game Theory. Curiosamente, para estes foram feitas previsões - falhadas - de idêntico assalto ao estrelato.

Com o fim dos Game Theory envolto em muitas tensões internas, rapidamente Scott Miller ergueu os The Loud Family, banda extremamente activa ao longo da década de 1990, com prolongamento mais contido no novo século. Nos discos editados, em número considerável e a alto nível qualitativo, Miller desenvolvia o amadurecimento da fórmula ganhadora da banda do passado. Consumidor ávido de música pop, Scott Miller também se envolveu na escrita sobre o tema com Music: What Happened?, livro que compila textos publicados on-line sobre canções específicas lançadas no hiato 1957-2009. Consta que, à data da sua morte, estivesse já a trabalhar naquele que seria o disco de regresso dos Game Theory. O início das gravações, diz-se, estaria previsto para muito em breve.

 
Game Theory _ "Erica's Word [Enigma, 1986]
  
 
The Loud Family _ "Don't Respond, She Can Tell" [Alias, 1997]

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Há 20 anos era assim #3









SUEDE
Suede
[Nude, 1993]




Recuando ao Reino Unido de há duas décadas exactas deparamos com o definhar das tendências baggy e shoegaze, e à tomada de posição no tocante à música de guitarras por parte da concorrência vinda do outro lado do Atlântico. No horizonte ainda não se vislumbra a suposta "guerra" entre duas bandas que estaria na origem da recuperação do orgulho dos britânicos no produto interno e de uma segunda British Invasion, embora em menor escala que a primeira. Antes de tal ocorrência, porém, uma banda que não poderia provir de outras paragens criava ondas de entusiasmo com a recuperação da iconografia pop britânica para a geração acelerada de noventas. Apesar da frescura apenas detectável nas bandas que fazem história, nos novatos Suede era por demais evidente a devoção pelas sonoridades glam-rock, bem como da pop mais intelectualizada e afectada de oitentas, sobretudo e respectivamente por David Bowie e The Smiths. Tal como The Dame, cultivavam a androginia e a atracção pela decadência; em comum com os últimos tinham o sentido pop e em Brett Anderson e Bernard Butler uma dupla de escritores de canções imbatível, com a particularidade do primeiro ser também um vocalista dado à expressividade e o segundo um guitarrista de vastos recursos.

À imprensa sedenta da next big thing bastaram apenas as primeiras aparições públicas da banda para antever altos voos. A imagem e a atitude do quarteto londrino ajudou à atracção pela curiosidade das massas, o par de singles inicias foi o bastante para uma autêntica onda de histeria. Faltava, contudo, o álbum da confirmação, algo que haveria de consumar-se no fulgurante disco homónimo, alvo de uma recepção altamente calorosa de que poucos discos de estreia desde então se podem orgulhar. No sector de produção britânico, talvez apenas os debutes dos Oasis e dos Arctic Monkeys tenham estado ao mesmo nível de aprovação. Jogando pelo seguro, Suede inclui o par de temas já antes conhecidos dos pequenos formatos, e a estes soma mais nove temas de igual potencial para serem singles. Abre efusivamente com "So Young", canção bem demonstrativa das qualidades vocais de Brett Anderson, capaz de alternar falsettos imaculados com tonalidades mais graves e de afectação dramática. Apesar do brilho ofuscante da guitarra cristalina e da celebração da juventude, a letra não esconde uma atracção pelo narcótico, profetizando o que seriam as sociedades jovens e urbanas da década de 1990. Esta evidência é, aliás, uma constante nas letras da maioria dos temas, assim como o são o hedonismo e o apelo ao sexo casual. São estas mesmas temáticas que alimentam "Animal Nitrate", "The Drowners", "Moving", ou "Metal Mickey", quarteto de temas nos quais a guitarra inquieta de Bernard Butler é servida pelo groove de uma secção rítmica (o baixista Mat Osman e o baterista Simon Gilbert) capaz de extrair todo o potencial dançável da música dos Suede. Os devaneios de virtuosismo do guitarrista ficam reservados para as baladas, em número considerável como haveria de ficar a constituir imagem de marca da banda. Do lote destacamos "Pantomime Horse", de um dramatismo decadente reverente a Scott Walker, e "Sleeping Pills", beleza em estado bruto convidativa ao sono induzido por químicos.

Suede encerra com um desses temas de toada mais lenta, na circunstância "The Next Life". Coincidência ou não do título, este tema é uma espécie de antevisão do cariz orquestral que os Suede haveriam de desenvolver no sucessor Dog Man Star, um disco substancialmente mais negro, dramático, e até politizado, mas igualmente brilhante. Consta que a opção estética foi tomada por iniciativa de Anderson, movido pelo estado de espírito na altura de escrever as letras. Quem não se mostrou particularmente entusiasmado com o rumo seguido foi Butler, que abandonou a banda ainda antes do término das gravações. Com guitarrista/compositor substituto, os discos dos Suede sucederam-se numa curva qualitativa descendente, mas sempre com assinalável sucesso comercial, até à extinção da banda em 2003. A importância histórica e impacto que tiveram nos jovens de noventas não sai beliscada pelos discos menores, como tão bem atestam a adesão aos concertos pós-reunião e o destaque dado ao recente álbum de regresso, competente mas irrelevante, por parte daqueles que rondam hoje os quarenta.

So Young by Suede on Grooveshark
 
The Drowners by Suede on Grooveshark

Sleeping Pills by Suede on Grooveshark

terça-feira, 16 de abril de 2013

L-O-V-E (Love)















Não foi fácil a maior parte da vida de Charles Bradley, marcada por tragédias, empregos precários, indigência, e o constante adiar do sonho de um dia subir ao altar dos grandes mestres soul. O sonho haveria de ser realizado, já em idade sexagenária, com a edição de No Time For Dreaming (2011), primeiro e aplaudido álbum de uma voz de excepção que o mundo se arriscava a desconhecer para todo o sempre se não fosse o ouvido clínico das gentes da Daptone Records, as mesmas que descobriram Sharon Jones, Lee Fields, e outras "estrelas" tardias. As incidências amargas de uma vida completa haveria de se reflectir no conteúdo daquele disco, não propriamente no sentido auto-biográfico, mas através da manifestação da insatisfação para com o mundo em redor.

Aquele cariz sócio-político não era nada de inédito nos meandros soul, pois basta lembrar que percorria a obra-prima do grandioso Marvin Gaye. No entanto, à soul, tanto em interpretações masculinas como femininas, associamos normalmente as odes de devoção ao género oposto. Nada de muito profundo, portanto, apenas a típica canção de amor mas induzida de uma grande dose de carnalidade. Charles Bradley, a quem a sorte sorriu tardiamente mas com intensidade e tremenda justiça, é hoje um homem mais optimista do que aquele que se nos apresentou há um par de anos. Também ele se rendeu aos feitiços do Amor, que agora se libertam no novo, e novamente mui recomendável, Victim Of Love. Expurgados os demónios, o cantor celebra a gratidão com alguns temas de assinalável espiritualidade, mas essencialmente deixa-se levar no enlevo amoroso. Os sopros ainda são presença assídua, mas menos impositivos e com a concorrência de teclados lascivos. Porém, a voz, calorosa, paira agora muito acima do acompanhamento instrumental. Apesar de algumas raras inflexões à época dourada da Motown de sessentas, Victim Of Love assenta melhor na categoria da soul da década de 1970, de preferência próximo da obra dengosa de Al Green, certamente um dos principais factores do incremento da taxa de natalidade naquele período.

 
"Stricly Reserved For You" [Dunham / Daptone, 2013]

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Crónica feminina

















Não é muito habitual alguém iniciar-se nas lides musicais já depois de entrar nos trintas. Mas aconteceu com a nova-iorquina Marnie Stern que, segundo consta, apenas teve a primeira epifania rock já em plena idade adulta, quando ouviu pela primeira vez as Sleater-Kinney. Este emblemático trio feminino teria nela forte impacto, não só pela motivação para enveredar pela música, como na própria sonoridade que percorre a sua obra discográfica. No underground, principalmente junto dos adeptos do math-rock e de algum noise-rock, é nome de culto, sobretudo desde a edição de This Is It And I Am It And You Are It And So Is That And He Is It And She Is It And It Is It And That Is That (2008), pese embora ainda seja praticamente ignorada pelo público em geral. Convenhamos que aquele não era um disco de fácil digestão, com notas de guitarra debitadas a uma velocidade trepidante, através dos quais Marnie se revela exímia na técnica do fingertapping. Caracteriza-se também por uma certa agressividade, apenas disfarçada por uma voz de menina marota.

Os anos passaram, os discos sucederam-se, e Marnie talvez esteja agora pronta para chegar a outros públicos, já que o trajecto tem sido no sentido da acessibilidade. Era algo que já se sentia no álbum homónimo de 2010, e se consuma no novo The Chronicles Of Marnia. Neste, e sem ocorrer propriamente uma descaracterização, nota-se uma vontade de aproximação ao formato mais estandardizado de canção. Isto trocado em miúdos quer dizer que ainda podem contar com a esquizofrenia da guitarra, porém refreada por alguns momentos de acalmia, com vocalizações que não se limitam a guinchos de fêmea enfurecida e já admitem alguns sussurros de lascívia. Portanto, é Marnie Stern a assumir uma feminilidade que outrora era submergida no turbilhão que constituía cada um dos seus temas. Na operação estética talvez se deva atribuir alguma responsabilidade a Kid Millions (Oneida), que ocupa o lugar que antes era de Zach Hill (Hella, Death Grips) nas tarefas rítmicas. Não sendo propriamente homem de se render à previsibilidade, e sem demérito para o seu antecessor, o novo colaborador de Marnie Stern já antes deu provas de como apelar à eficiência rítmica sem perder em inventividade.

Immortals by Marnie Stern on Grooveshark
[Kill Rock Stars, 2013]

sábado, 13 de abril de 2013

First exposure #54















ALEX CALDER

Formação: Alex Calder (voz, gtr, bx, btr, tcls)
Origem: Edmonton, Alberta [CA]
Género(s): Indie-Pop, Lo-Fi, Bedroom-Pop, Soft-Pop
Influências / Referências: The Beach Boys, The Beatles, Hall & Oates, Mac DeMarco, Beach Fossils, Craft Spells 

 
"Light Leave Your Eyes" [Captured Tracks, 2013]

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Dias de atordoamento

















Desde os primeiros contactos com a música de Kurt Vile que prevíamos que, mais cedo ou mais tarde, a aclamação do jovem músico de Filadélfia extravasasse o  restrito circuito do cultores do chamado psych-folk. Nesses dias de underground, o talento era uma constatação óbvia, embora a opção pela "baixa-fidelidade" fosse impedimento à ascensão a outros patamares de visibilidade. Com o tempo, as edições discográficas foram sendo mais espaçadas, mais de acordo com os timings estandardizados no universo pop/rock, devidamente acompanhadas pelo aprumo técnico. Nos dois últimos discos, justamente acompanhados pelo crescimento da visibilidade pública, essas mudanças são bem patentes. Pelo meio, e talvez pressentindo o novo rumo da carreira individual e as necessidades de responder às solicitações, o próprio abandonou a "part-time" nos The War on Drugs.

Pese embora as mudanças técnicas, o que ainda não se alterou na música de Kurt Vile é aquela sensação que transparece de constante atordoamento. Como se, em cada tema, o músico tivesse acabado de acordar mas se preparasse já para nova entrega ao sono. Como tal, não sabemos se num exercício de auto-ironia, não poderia surgir com um título mais apropriado do que o do novíssimo Wakin On A Pretty Daze. Deste disco, que em certa medida é uma evolução na continuidade, poderemos dizer que é o mais expansivo da sua já considerável discografia, e que o adjectivo não se aplica apenas à generosa duração do mesmo - próxima dos 70 minutos. Com efeito, os temas alongam-se com um propósito, o de nos enredar nas ladainhas da guitarra, repetitivas com o intuito de provocar no ouvinte um estado lisérgico semelhante ao do autor. Apesar do clima deixar transparecer que Kurt Vile vive num reduto só dele, alheado do mundo exterior, é quase impossível não se sentir tocado por estas onze canções ligeiramente confessionais, mas sobretudo percorridas por uma agradável preguiça.

"Wakin On A Pretty Day" [Matador, 2013]

terça-feira, 9 de abril de 2013

O jogo das diferenças #17



LOVE
Forever Changes
[Elektra, 1967]


BEACHWOOD SPARKS
Once We Were Trees
[Sub Pop, 2001]

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Mercado negro


















Penso que já aqui manifestei a aversão pela brigada de poseurs recuperadores do cinzentismo post-punk. Refiro-me concretamente ao infindável número de clones surgidos na senda de um interessante disco de estreia, eventualmente um acidente de percurso atendendo à mediocridade do trabalho posterior da banda que o criou. Vistas bem as coisas, sem saudosismos motivados por jovens indivíduos que se penduram em cordas, não distingo a metodologia da maior parte daquela que normalmente é adoptada pelas boy-bands, com uma pose e uma cartilha de clichés previamente estudados. No entanto, na nova vaga daquilo a que vulgarmente se chama "urbano-depressivo" (os americanos chamam-lhe mope rock), há bandas que são recomendáveis excepções, sobretudo quando, apesar de partirem das mesmas premissas daquela linha de montagem, revelam alguma personalidade por via da imprevisibilidade.

Nesta última categoria cabem os norte-americanos Merchandise, uma banda que, apesar da sua recente fundação, tem já uma discografia digna de nota. Nas edições que surgem em catadupa nota-se um aprimorar de uma fórmula própria, algo que no recente Totale Night terá atingido o zénite. São de Tampa, na Florida, cidade com forte tradição em sonoridades extremas como o death-metal e o hardcore. Os próprios membros dos Merchandise têm passado ligado a tais tendências, experiência essa que terá sido determinante para a expressão musical da banda. São, portanto, uma banda que rejeita o polimento, não têm medo das imperfeições, e revelam uma veia noisy. Para o barulho atiram a opressão glaciar dos PiL de Metal Box, as batidas mecânicas dos Joy Division, e as guitarras cortantes em ambiente saturado dos The Cure de Pornography. Ao contrário da maioria dos vocalistas deste género de propostas, que optam por uma certa discrição, Carson Cox chega-se à frente da muralha sonora sem pudores, muitas vezes numa cadência própria de um tal Morrissey, faltando-lhe, contudo, o chorrilho de referências bibliográficas. Em pouco mais de meia hora, Totale Night resume-se a cinco temas, na sua maioria de duração muito para além do que é o convencional. Esta particularidade é um dos trunfos dos Merchandise, já que a longa - e por vezes lenta - fluência dos temas, fazendo uso constante da repetição, ajuda à propagação de um negrume quase indolente.

Anxiety's Door by Merchandise on Grooveshark
[Night People, 2013]

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Singles Bar #84









TEENAGE FANCLUB
Everything Flows
[Paperhouse, 1990]




Suponho que já alguma vez tenham sido desafiados a eleger a vossa música preferida de sempre. Das vezes que me aconteceu, a resposta tem sido variável, até no espaço de apenas alguns dias, entre títulos como "Eleanor Rigby", "God Only Knows", "Thirteen", "How Soon Is Now?", ou "Everything Flows". Quando me perguntam o porquê de, no meio de canções de autênticas instituições pop/rock (vá, os Big Star não tanto quanto isso, embora injustamente), incluir uma de uma banda simpática mas confinada ao reduto indie, costumo responder que os Teenage Fanclub são simplesmente uma das minhas bandas favoritas, e uma das mais determinantes naquele período entre a adolescência e a idade adulta em que definimos o nosso "rumo" musical. Acresce ainda que se trata do seu primeiro single, algo que em tempos melhores que estes poderia ser motivo de paixão instantânea com quase certezas de amor duradouro.

Curiosamente, "Everything Flows" até nem se caracteriza pelas luminosidade power-pop que fez dos Teenage Fanclub (TFC) um dos paradigmas do indie de noventas. Frescos da curta experiência jangle/pós-C86 dos Boy Hairdressers, estes rapazes de Glasgow andavam fascinados com as possibilidades sónicas do american underground, em particular dos Dinosaur Jr.. Não é à toa que costumo dizer que, por aqueles dias, não haveria banda no planeta que partilhasse tanto em espírito com os Nirvana como os TFC (afirmação controversa, eu sei, mas vão ouvir ambos e comparem com os hard-rockers de Seattle que a indústria vos vendeu a coberto de um rótulo e depois digam qualquer coisa). Do que atrás foi dito, subentende-se que "Everything Flows" é um tema no qual as guitarras não se envergonham, surgem ruidosas e distorcidas, embora num ritmo arrastado mas que não enjeita a melodia. A letra, cantada por Norman Blake no mesmo tom negligente e distanciado de J Mascis, exprime, tal como era hábito neste, um certo ennui juvenil que muito terá contribuído para a minha empatia imediata. Se já se percebeu que, neste ponto, os TFC não demonstravam ainda as inclinações beatlescas posteriores, nem tão pouco a devoção pelos Big Star, convém esclarecer que já se pressentia a queda para as cavalgadas de electricidade de Neil Young com os Crazy Horse. E o ilustre cidadão do estado canadiano lá está, revisitado numa versão de "Don't Cry No Tears", por sinal muito semelhante ao tema principal do single. O alinhamento compreende mais um par de temas: o bem-disposto "Primary Education", em registo lo-fi e com contaminações folk, que se dissolve numa enxurrada de pa-pa-pas infantilóides; e o curioso "Speeder", um instrumental de guitarra árida e caixa de ritmos que é objecto estranho - no bom sentido - no reportório dos TFC.

Everything Flows by Teenage Fanclub on Grooveshark

Speeeder by Teenage Fanclub on Grooveshark

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Mil imagens #38



Amy Winehouse - Londres, 2006
[Foto: Dean Chalkley]

terça-feira, 2 de abril de 2013

Brinquedo do outro lado do mundo

















Apesar de a sua actividade enquanto banda se resumir a pouco mais de ano e meio, na viragem dos setentas para oitentas, os Toy Love representam um papel fulcral na fundação do indie-rock neozelandês em geral, e pelo chamado Dunedin Sound em particular. Sem eles, muito provavelmente a mítica editora Flying Nun nunca teria arrancado, e bandas como The Clean, The Chills, ou The Bats, entre tantas outras, a existirem, soariam muito certamente de outra forma. São bandas de expressão diminuta para muitos, mas extremamente representativas na produção musical indie da Nova Zelândia, matéria de estudo obrigatória para qualquer geek que também se interesse por idênticas facções musicais oriundas da Escócia ou do norte dos Estados Unidos. 

Naquele curto período de tempo, os Toy Love lograram chegar às multinacionais, tendo lançado um álbum - homónimo - cuja mistura final algo rugosa deixou a banda pouca satisfeita. Foi para lhes fazer justiça que, já em 2005, a Flying Nun lançou a compilação dupla intitulada Cuts, que contemplava a totalidade da obra gravada, inclusive a mistura original do álbum único que era mais do agrado da banda. Foi através desta que ficou acessível a um público mais alargado a proposta dos Toy Love, em raros momentos rendidos às estilizações new-wave da época, na esmagadora maioria dos temas fazedores de uma pop intrépida que não renega as raízes punk quando ainda se chamavam The Enemy, a primeira banda do género na Nova Zelândia. Os temas, tensos e fracturados, são o equivalente das antípodas à subversão que, na mesma altura, The Fall e Swell Maps imprimiam no cenário pós-punk do Reino Unido. Porém, e por oposição à atitude distanciada dos vocalistas destas bandas, Chris Knox mostrava-se empenhado, quase apaixonado, quando abordava nas canções os assuntos mais mundanos, isto quando inteligíveis. A postura negligente seria assumida nos Tall Dwarfs, banda que fundou juntamente com o guitarrista Alec Bathgate logo a seguir à dissolução dos Toy Love, e que esteve na linha da frente da citada Flying Nun.

Para juntar à anterior compilação, e dando início a uma série massiva de reedições daquela editora incontornável, em parceria com a norte-americana Captured Tracks, acaba de ser lançada Toy Love, não o álbum isolado, mas uma colectânea em vinil duplo. Neste novo pacote podemos encontrar os três singles lançados e respectivos b-sides, versões demo de inúmeros temas, e gravações ao vivo. Será, com certeza, o primeiro de muitos lançamentos que virão aprofundar a nossa crise.

Rebel by Toy Love on Grooveshark
[Elektra, 1979] 
 
Don't Ask Me by Toy Love on Grooveshark
[WEA, 1980]

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Vai ser bonita a phesta, pá!



No dia das mentiras, queria dar-vos conta de um acontecimento marcado para breve que, não o parecendo, é a mais pura realidade. Fala-vos d'O Phestival, o primeiro festival de música organizado neste país, e quiçá na galáxia, por um grupo do Facebook. O grupo em questão dá pelo nome de Igreja Universal dos Fazedores de Bonitas Listas Musicais dos Últimos Dias, IUFBLMUD para os amigos, e é composto por um generoso número de devotos das listas musicais, entre os quais me orgulho de estar deste o primeiro dia, há quase três anos e meio.

A ter lugar na Cidade Invicta, nos próximos dias 19 e 20 de Abril, O Phestival decorre essencialmente no Hard Club, embora muitas actividades paralelas estejam programadas para o Radio Bar. Do cartaz, composto por bandas ainda - e sublinho o "ainda" - com pouca projecção, gostaria de ser parcial e destacar as bandas que incluem alguns amigos. A saber: os Malcontent com o seu fuzz-rock de inspiração marychainiana, os Tallowate com o seu post-hardcore incendiário, a pop melódica e emocional dos Jameson Blair, e, last but not least, o cantautor Olavo Lüpia com as suas trovas da dor-de-corno. No dito, incluem-se ainda os Denário, O Abominável, Blaze & The Stars, e Our New Lie. Em cada uma das datas, a noite será também abrilhantada até às quinhentas por seis duplas de DJs, todos eles ilustres membros da IUFBLMUD, à razão de três parelhas por noite.

Resta acrescentar que, nesta primeira edição, o cartaz d'O Phestival contempla apenas bandas com pelo menos um membro fiel da IUFBLMUD, cenário que, estamos em crer, poderá mudar no futuro, dependendo do sucesso da organização e da adesão a esta iniciativa pioneira. Vá lá, agora toca a comprar as entradas, que o resto está bem entregue!