"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

segunda-feira, 31 de março de 2008

EM ESCUTA #27


















THE GUTTER TWINS
Saturnalia
(Sub Pop, 2008)

Dos nomes que emergiram do underground americano em inícios da década passada, no advento do rock alternativo, poucos são os que ainda desenvolvem um trabalho relevante. Contra todas as previsões, Greg Dulli e Mark Lanegan, dois outsiders desse "movimento", não só sobreviveram, como continuam intensamente activos. Terão sido aliás, os inúmeros afazeres da dupla que terão atrasado a materialização de este projecto idealizado há cinco anos.
Todos aqueles que tenham acompanhado de perto o trajecto destes dois "anjos negros", só poderão receber Saturnalia de braços abertos. E se o peso dos protagonistas fala por si só, o que dizer dos convidados? Martina Topley-Bird, Joseph Arthur, Troy Van Leween (QOTSA), Jeff Klein, entre outros, tudo gente ilustre que ajuda a engrandecer uma obra onde a combinação das duas vozes - o barítono de Lanegan e a voz quente de Dulli - é a estrela maior.
Como saberão de antemão esses mais familiarizados, Saturnalia não pretende operar nenhuma revolução musical. Digamos que, apenas acrescenta mais uma bela dúzia de canções, de fundo tão negro como o céu da fotografia que ilustra a capa, ao vasto repertório dos seus autores. E esta apenas que dizer mais canções de um romantismo dramático, por vezes trágico, onde os temas são os costume: sexo, morte, religião, culpa, redenção...
Musicalmente, vão também beber às fontes habituais como a soul, os blues e da folk, numa combinação que por vezes atinge proporções bigger than life (conferir "The Stations", "God's Children" ou "Idle Hands"). Nota-se no entanto, e apesar de as tarefas da composição terem sido repartidas quase democraticamente, uma clara inclinação para os territórios de Greg Dulli, pelo que, qualquer destas canções não seria elemento estranho nos últimos trabalhos dos Twilight Singers.
Razões de sobra para não perder, ao vivo e cores, no próximo dia 30.

domingo, 30 de março de 2008

DUETOS #2

Tão jovens e rebeldes que nós éramos...

Manic Street Preachers & Traci Lords "Little Baby Nothing" (Columbia, 1992)

sexta-feira, 28 de março de 2008

AK-47

Em matéria de crítica musical, visões apaixonadas nunca foram sinónimo de análises objectivas. O mesmo serve para os ódios extremados.
Todos concordarão se disser que o caso em apreço cai, invariavelmente, na categoria das paixões assolapadas.
Como sempre ouvi esta malta de Bristol com agrado e em doses moderadas, não mentirei ao afirmar que me encontro numa posição mais ou menos neutral. Como tal, confesso-vos que ainda não houve qualquer força superior que me levasse a surripiar o álbum que aí vem e que, há já algum tempo, se encontra disponível por meios à margem da lei.
Como um bom cidadão cumpridor das normas legais, ouvi apenas o single que lhe servirá de aperitivo, o tal que tem motivado o uso de adjectivos reservados às obras mestras. Se querem uma opinião sincera e distanciada, baseada numa boa vintena de audições, digo-vos que a coisa me soou algo mal amanhada, sem ponta por onde se lhe pegue. E digo-vos mais: aquela VOZ que se sobrepõe às descargas desconexas, próprias de aprendizes das electrónicas, é um autêntico desperdício.
Por isso, vai por mim Beth, a coisa foi boa enquanto durou! Agora, é levantar a cabeça e seguir caminho. Sem essa rapaziada, é claro!
Em todo o caso, e como não quero que vos falte nada, para aqueles 0,5% de habitantes do mundo ocidental que ainda não o ouviram, aqui fica o dito:

Portishead "Machine Gun" (Island, 2008)

GOING BLANK AGAIN #10

FILM SCHOOL

Origem: San Francisco, Califórnia (US)
Período de actividade: 1998-
Influências: My Bloody Valentine, Slowdive, Bardo Pond, Swervedriver
A ouvir: Hideout (Beggars Banquet, 2007)

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quinta-feira, 27 de março de 2008

E EIS QUE, VINDA DO NADA...

Cats and dogs are coming down
14th street is gonna drown
Everyone else rushing round
I've got "Blonde on Blonde"
On my portable stereo
It's a lullabye
From a giant golden radio


Como adepto confesso do melhor power pop, não tinha com os Nada Surf uma relação particularmente afectuosa. Ainda assim, sempre considerei a sua canção mais popular (precisamente "Popular", de 1996) um hino digno de constar entre o melhor da década passada. Como já terão reparado pelo pretérito imperfeito do verbo ter na primeira frase, entretanto o caso mudou de figura.
Depois de inúmeras referências elogiosas a estes nova-iorquinos em blogues amigos, decidi dar-lhes uma nova oportunidade. E eis que, durante uma das várias incursões pelo universo nada-surfiano, se dá aquele clique capaz de transformar a indiferença em devoção. Responsável por tal feito foi uma cançãozita muito simples, semi-balada, semi-acústica, que vem em Let Go (Barsuk, 2002), segundo os "especialistas" o seu melhor disco e, em breve, parte integrante da minha relação de bens. Além de muito bonita, é também uma humilde homenagem a um dos discos históricos de uma certa lenda viva, com o qual partilha o título. Ei-la:



Agora que já degustaram esta pequena pérola, sugiro-lhes ainda uma visita ao sítio oficial da banda, um dos mais bonitos e originais que vi em tempos recentes. Quem já tenho desfrutado dos prazeres da vida no campo, no Verão e à noite, ir-me-á entender perfeitamente.

ANJOS E FANTASMAS

Há coisa de dois anos caí de amores pelo primeiro longa duração desta trupe texana que dá pelo nome de The Black Angels (TBA). Negro, intenso, pesado, Passover era todo ele assombrado pelos fantasmas da Segunda Guerra do Golfo. Filiado nas estéticas neo-psicadélicas, ostentava orgulhosamente a herança de algumas luminárias da contra-cultura de há quatro décadas: 13th Floor Elevators ou The Velvet Underground, para citar apenas algumas. Como poucos dos discos lançados na década em curso, continua a exercer sobre mim o mesmo fascínio da primeira vez que o ouvi.
Como tal, neste momento, e até 19 de Maio, encontro-me já em contagem decrescente para a chegada do sucessor de Passover. A coisa dá pelo nome de Directions To See A Ghost e tem, mais uma vez, selo da Light in the Attic. A julgar por "You On The Run", a amostra disponível aqui, podemos afirmar que os TBA continuam no seu habitat natural.

terça-feira, 25 de março de 2008

MUSAS INDIE #16

Só para lembrar que os animaizinhos de estimação preferidos cá da tasca têm disco novo...


JEMINA PEARL ABEGG

segunda-feira, 24 de março de 2008

20 ANOS (OU QUASE) PELA GALÁXIA


I don't wanna stay at your party
I don't wanna talk with your friends
I don't wanna vote for your president
I just wanna be your tugboat captain

There's a place I'd like to be
There's a place I'd like to be
There's a place I'd like to be
There's a place I'd be happy

Se os meus cálculos estiverem certos, por estes dias, devem cumprir-se vinte anos desde o primeiro contacto com uma das bandas com maior responsabilidade na minha formação enquanto amante de música.
Em teoria, esta banda que foi buscar o nome a um velho modelo da Ford, tinha tudo para não dar certo: inexperiência, canções monocórdicas, um vocalista com voz nasalada, uma segunda vocalista de uma timidez gélida... Para cúmulo, nem sequer tinham instrumentos! Segundo reza a lenda, a bateria utilizada nos primeiros concertos foi emprestada por um colega da Universidade de Harvard, um tal de Conan O'Brien...
Embora não tenham sido propriamente um fenómeno de popularidade durante o (curto) período de vida, a sua influência num largo espectro da música dita independente é indesmentível.
O videozinho que se segue não é um primor técnico. As condições de conservação também não são as melhores. No entanto, a beleza de um momento de verdadeira epifania permanece intacta...

Galaxie 500 "Tugboat" (Aurora, 1988)

GOOD COVER VERSIONS #5

JON AUER
"Beautiful Stranger" (Pattern 25, 2001)
[Original: Madonna (1999)]

A todos a quem o nome possa causar alguma estranheza, lembro que Jon Auer é um dos criativos por detrás dos The Posies, a maior força viva do power pop dos últimos 20 anos. Como prémio pela devoção, é também, juntamente com o camarada Ken Stringfellow, e a convite do próprio Alex Chilton, membro dos renascidos Big Star.
Antes de se lançar na empreitada dos álbuns a solo, Auer lançou um par de EPs. O segundo dos quais, intitulado 6 1/2 e contendo sete faixas, não é mais que um conjunto de versões em formato acústico de temas tão variados como "Love My Way" (The Psychedelic Furs), "Bonnie & Clyde" (Serge Gainsbourg), ou "Baby Bitch" (Ween). Presume-se pois, que o 1/2 a que alude o título do disco seja o seu sétimo tema, esta revisão do contributo de Madonna para a banda sonora do segundo capítulo da saga Austin Powers.
Não obstante tratar-se de um dos melhores temas de Madge (não, não sou apreciador, mas tolero até certo ponto), esta releitura em registo happy-sad de "Beautiful Stranger" é um daqueles raros casos em que a versão supera largamente o original. Ou, como alguns dirão, o lixo vira luxo.

quinta-feira, 20 de março de 2008

A TODOS...

... os visitantes deste blogue, desejos de uma Páscoa Feliz.
Eu vou ali empanturrar-me de folar (daquele bom, com carne) e já volto...

The Stone Roses "I Am The Ressurection"
[Live @ Blackpool Empress Ballroom, 12/08/1989]

quarta-feira, 19 de março de 2008

EM ESCUTA #26


















THE KILLS
Midnight Boom
(Domino, 2008)

E ao terceiro disco a dupla Alison "VV" Mosshart/Jamie "Hotel" Hince decidiu operar uma mudança no seu som... Para tal, os The Kills suprimiram muita da sujidade dos anteriores registos e mergulharam, de cabeça, na onda indie disco vigente.
Por conseguinte, à excepção de um par de temas mais confessionais, Midnight Boom convida todo ele à dança, pelo que, cumpre em pleno o seu objectivo primordial. Consigo já antever um sem número de releituras "marteladas" para temas como "Cheap And Cheerful" ou "Alphabet Pony" pelos remisturadores do costume. Não é que sejam necessárias, mas...
Nota positiva também para VV, a cantar mais e melhor que nunca.
Curto e directo, Midnight Boom é de um imediatismo tal que, ao fim de 2/3 audições estamos a trautear qualquer uma das suas faixas. Não se garante é que, ao fim de 20/30 audições o charme subsista.
Um produto dos nossos tempos, portanto.

GOING BLANK AGAIN #9

SENNEN

Origem: Norwich (UK)
Período de Actividade: 2005 (?)-
Influências: Ride, Mogwai, Explosions in the Sky, Teenage Fanclub
A ouvir: Widows (Hungry Audio, 2005)

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terça-feira, 18 de março de 2008

R.I.P.

Sir ARTHUR C. CLARKE
(1917-2008)

Faleceu há pouco, no Sri Lanka onde vivia há mais de cinquenta anos, o escritor britânico de ficção científica Sir Arthur C. Clarke.
De entre uma extensa obra, Clarke ficará para sempre lembrado por 2001: A Space Odissey, romance desenvolvido em simultâneo com o filme de Stanley Kubrick.
O filme, um dos maiores clássicos do género, abria assim, com um excerto de Also Sprach Zarathustra de Richard Strauss:

segunda-feira, 17 de março de 2008

SINGLES BAR #19


















THE CHILLS
Pink Frost

[Flying Nun, 1984]

I want to stop my crying
I want to stop my crying
But she's lying there dying
How can I live when you see what I've done?
How can I live when you see what I've done?
What can I do if she dies?
What can I do if she dies?
What can I do if she's lost?
Just the thought fills my heart with Pink Frost


Em 1984 já os Orange Juice definhavam, os Smiths davam os primeiros passos, e os Wedding Present estavam ainda para vir. Do outro lado do mundo, mais propriamente da Nova Zelândia, chegava este tema incontornável que fazia as delícias dos cultores do indie pop.
Sobre uma melodia circular gélida - a fazer jus ao nome da banda - ecoa a desolação na voz de Martin Phillips. A letra, por contraponto à pureza da melodia, é quase tétrica, deixando ler nas entrelinhas algumas referências da relação do cantor com as drogas.
Falar dos The Chills é falar de Phillips, o único membro permanente nos mais de vinte e cinco anos de carreira, os quais não renderam, até à data, mais que três álbuns de originais. Mas ainda que não tivessem feito mais nada, este tema por si só é garante de um lugar na eternidade.
Para quem não conhece, fica o aviso: a essência do indie pop está aqui, num dos mais belos pedaços de música que me foi dado a ouvir.
Obrigatório é termo mais que apropriado.

sexta-feira, 14 de março de 2008

ESPIRITUALIZAR POR AÍ...









Há anos que por estas bandas era dos concertos mais aguardados em terras lusas. Como nem tudo é perfeito, a coisa tem lugar a 10 de Julho num festival no qual nem tencionava pôr os pés. Não podiam ao menos ter tido a decência de alinhar o Neil Young para o mesmo dia?
Assim, lá terei de fazer um esforço...

Spiritualized "Stop Your Crying" (Spaceman/Arista, 2001)

GOING BLANK AGAIN #8

SERENA-MANEESH

Origem: Oslo (NO)
Período de Actividade: 1999-
Influências: My Bloody Valentine, Chapterhouse, Ride
A ouvir: Serena-Maneesh (PlayLouder, 2006)

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quinta-feira, 13 de março de 2008

For all the fucked up children of the world #4

Somebody's waiting for me at home
Somebody's waiting for me at home
I should have known
I should have known
Here we go

And somebody's got a car outside
Somebody's got a car outside
Let's take a ride

I know that it's late but I've nowhere to go
Somebody's waiting for me at home
I should've chose
I should've chose


The Walkmen "Little House Of Savages" (Record Collection, 2004)

AO VIVO #13

Caribou @ Santiago Alquimista, 12/03/2008

Não sendo um profundo conhecedor da obra de Dan Snaith, aguardava com alguma expectativa a transposição para o palco das composições deste canadiano anteriormente conhecido por Manitoba (epíteto que largou por motivos legais), e que agora responde por Caribou. Conquistado por Up In Flames (2003), tinha ficado algo despontado com The Milk Of Human Kindness (2005). O interesse foi recuperado com Andorra, esse tratado de dream pop experimental do ano passado.
Acompanhado em palco por mais três músicos, Snaith muda de instrumento a cada tema (ou várias vezes dentro do mesmo tema), com diversas incursões pela bateria. É de baquetas em punho que entra em constante despique com o baterista permanente. Lá atrás, servidos de um número infindável de pedais, os dois homens das guitarras criam um denso tapete sonoro para os devaneios deste freak pouco dado a conversas de circunstância.
O resultado é uma amálgama alienígena para onde concorrem, em pé de igualdade, o kraut, os My Bloody Valentine, os Animal Collective, e os Beach Boys.
Embora não se possa dizer que o concerto tenha agradado à generalidade do público presente, ninguém poderá por em causa o efeito surpresa desta actuação.
Pela parte que me toca, posso dizer que gostei. E bastante, até. Mas teria gostado mais, não fosse o som merdoso que no Alquimista é já imagem de marca...

terça-feira, 11 de março de 2008

DUSTY?... NÃO. DUFFY!

Chama-se Amy Ann Duffy, é galesa, e tem apenas 22 aninhos. No mundo da música é conhecida apenas pelo nome de família e é, depois de Amy Winehouse e Kate Nash, mais uma prova do momento de vitalidade da música no feminino que se produz no Reino Unido.
Descoberta pelos executivos da Rough Trade, é já para uma multicional que Duffy grava, sob a batuta do ex-Suede Bernard Butler, o disco do momento em terras de Sua Majestade.
Por cá, dentro de um ano, se houver Brits e/ou Grammies conquistados, é de esperar que os senhores da Universal descubram o seu potencial.
Ao escutar Rockferry, nos seus arremedos northern soul, é impossível não lembrar a diva Dusty Springfield. E isso não é bom... é óptimo!
And now, for all the mods of the world, we give you some mercy....


"Mercy" (A&M, 2008)

GOOD COVER VERSIONS #4

WHY?
"Close To Me" (Anticon, 2007)
[Original: The Cure (1985)]

O original deste tema é motivo suficiente para me fazer abandonar uma pista de dança, em sinal de desagrado. Reconhecendo ao bando do senhor Smith algumas boas canções, nunca nutri grande simpatia pela "fase colorida" compreendida entre Pornography e Disintegration, os álbuns que realmente interessam.
Como tal, só posso dizer que fiquei abismado com esta autêntica reinvenção de "Close To Me" levada a cabo pelos WHY?, o projecto liderado pelo ex-cLOUDDEAD Yoni Wolf. Incluída no EP The Hollows, aperitivo para o brilhante Alopecia, esta versão aproveita do original pouco mais do que a letra. Ritmos narcóticos arrastados inscrevem esta faixa naquela categoria restrita dos inclassificáveis. Oiçam e tirem as vossas conclusões.

segunda-feira, 10 de março de 2008

MORTE AOS HIPPIES!

Dia 1 de Agosto @ Paredes de Coura! YES!!!

Primal Scream "Kill All Hippies" (Creation, 2000)

domingo, 9 de março de 2008

NOVAS MACACADAS

Definitivamente... o rapaz não pára!
Alex Turner (vocalista, guitarrista e compositor dos Arctic Monkeys) tem já pronto o disco de estreia dos THE LAST SHADOW PUPPETS, projecto que divide com o amigo Miles Kane (ex-The Little Flames, actual The Rascals, duas bandas "apadrinhadas" pelos Monkeys).
Segundo os próprios, esta nova aventura nasceu do gosto comum pela música grandiosa de Scott Walker e David Bowie dos primórdios. Vai daí, começam a compor em conjunto, contratam Owen Pallett (Final Fantasy) para os arranjos e direcção da London Metropolitan Orchestra, e gravam em França as doze canções que compõem The Age Of Understatement, o álbum com edição marcada para 21 de Abril próximo.
Uma semana antes, o tema-título é lançado como single. O vídeo já roda por aí e é bem merecedor de uns quantos visionamentos.


"The Age Of Understatement" (Domino, 2008)

sexta-feira, 7 de março de 2008

GOING BLANK AGAIN #7

ALCIAN BLUE

Origem: Washington DC (US)
Período de Actividade: 1996-2006
Influências: Slowdive, Cocteau Twins, The Cure
A ouvir: Years Too Late EP (Safranin Sound, 2007)
My Space

quinta-feira, 6 de março de 2008

LIXO EMOCIONAL

Por esta altura, já não será novidade para ninguém o regresso de Stephen Malkmus (SM) aos discos. Real Emotional Trash, disponível desde esta semana via Matador (ou Domino na Europa), é já o quarto registo após a morte dos Pavement de um dos nomes de referência nesta tasca. Como sempre, SM surge ladeado pelos Jicks, a banda suporte que integra agora a ex-Sleater-Kinney Janet Weiss.
Gravado em registo quase-jam, Real Emotional Trash (que podem ouvir aqui) revela uma certa tendência para o virtuosismo, por vezes a resvalar para o repetitivo. Ainda assim, o saldo global é francamente positivo.

quarta-feira, 5 de março de 2008

DIGITAL HARDCORE













Impelido pelo recente concerto dos Raveonettes na capital, fui buscar ao fundo do baú The Future Of War, o único disco que possuo destes agit-propers germânicos. Produto típico das tensões que marcaram o fim do milénio, os Atari Teenage Riot encerram em si todos os géneros musicais contestatários dos últimos trinta anos. Aqui, como podem constatar, a atitude é tão ou mais importante do que a própria música.
Aconselhável como catalisador da raiva acumulada ao longo 120 minutos de nervos com final infeliz, a peça que se segue pode ter um efeito perverso em locais de trabalho e similares.

"Destroy 2000 Years Of Culture" (DHR, 1997)

terça-feira, 4 de março de 2008

EM ESCUTA #25

















ATLAS SOUND

Let The Blind Lead Those Who Can See But Cannot Feel

(Kranky, 2008)

A génese deste disco remonta à adolescência de Bradford Cox, período em que uma doença degenerativa o obrigou a um internamento hospitalar que lhe roubou um Verão.
Aproveitando o merecido repouso dos extraordinários (substituir por outro adjectivo semelhante, a gosto) Deerhunter após um longo período na estrada, o seu líder aproveitou para ordenar as ideias entretanto deixadas em banho-maria. Daí resultou Let The Blind..., gravado em solitário no Verão passado. E note-se que o termo solitário é para ser levado à letra, já que os únicos nomes constantes na ficha técnica, além do próprio Bradford, são Brian Foote, co-responsável pelas misturas, e Bob Weston (dos Shellac), a quem coube a masterização.
Sem surpresas, um disco gravado sob estas premissas tem de ser um disco de forte cunho pessoal. O que surpreende, dado o teor melancólico e intimista desta obra, quase fechada sobre si própria, é a luz que emana de Let The Blind....
Com o mote dado por "Ghost Story", o tema que em jeito de intro abre o disco, somos transportados ao longo de cinquenta minutos para um universo paralelo, um mundo hiper-romântico onde se revisita a ingenuidade da infância.
O catorze temas apresentados são construídos a partir de densas camadas sobrepostas de sons sintéticos e instrumentos físicos. Tal como em Cryptograms (2007), o segundo registo e aquele que deu visibilidade aos Deerhunter, abundam os trechos instrumentais. Porém, desta feita, e graças ao tom mais cristalino, Let The Blind... não denota aquela toada abstraccionista que ainda deixava transparecer uma certa indefinição naquele disco.
Canções escorreitas, no mar de interferências várias, é difícil apontá-las. No entanto, arriscaria destacar "River Card" e "Quarentined", momentos mais convencionais e, simultaneamente, de maior sedução num disco que funciona como um todo.
Sendo ainda prematuro para este tipo de vaticínios, ouso afirmar que 2008 terá de ser um ano de colheita excepcional para que Let The Blind... possa ficar fora da lista dos melhores do ano.
Como forma de aliciamento, deixo-vos um docinho:

"River Card"

ROUBALHEIRA Pt. 2

aqui tinha chamado a vossa atenção para a pequena (pelo menos por enquanto) editora Stolen Recordings. Da mesma casa, já muitos de vós terão ouvido falar dos Tap Tap ou, mais recentemente, dos Pete & The Pirates.
Não menos recomendável é este trio, formado em Londres por dois japoneses e uma italiana, que dá pelo nome de SCREAMING TEA PARTY (STP).
Até ao momento, o seu catálogo consta apenas do EP Death Egg, já datado de 2006. Ouvir os quatro temas que o compõem é como que um regresso ao tempo em que nasceu este meu/vosso vício da música. Em certos momentos, lembram os Sonic Youth, noutros os Pavement, The Vaselines logo a seguir. Surpreendentemente, nem por um instante soam datados ou demasiado derivativos.
Considerem-se avisados, eu confesso-me viciado...

Screaming Tea Party no MySpace

domingo, 2 de março de 2008

UM AMANHÃ RADIOSO

Chega dentro de duas semanas às lojas aquele que promete ser um dos discos mais falados do ano. Falo-vos de Street Horrrsing, a estreia em longa-duração dos Fuck Buttons, um duo de Bristol que cruza, de forma engenhosa, elementos de uma electrónica pastoral com sons típicos do noise contemporâneo.
Este improvável cruzamento, conseguido com um invulgar sentido de melodia, somado aos relatos de algumas prestações ao vivo incendiárias, valeu à dupla um contrato com a ATP Recordings, extensão editorial da estrutura responsável pelos festivais All Tomorrow's Parties.
Já neste mês, os Fuck Buttons serão responsáveis pelas primeiras partes dos concertos dos Caribou. Infelizmente, esses concertos terão lugar apenas na América do Norte, logo a seguir à passagem do projecto de Dan Snaith por Portugal.
Como amostra, deixo-vos aquele que foi, em finais do ano passado, o tema responsável pela descoberta deste projecto altamente promissor.

"Bright Tomorrow"